Papa na África

Cristo é medida do verdadeiro humanismo, diz Bento XVI

Nas palavras que dirigiu aos Bispos de Angola e São Tomé, hoje à noite na nunciatura apostólica em Luanda, Bento XVI começou por dar graças a Deus Pai pela obra de gestação, também ali, do Corpo Místico de seu Filho, por obra e graça do Espírito. Uma gestação que implica também que se façam sentir as dores de parto, até que Cristo esteja completamente formado no coração do povo.

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“Deus vos recompensará por todo o trabalho apostólico realizado em condições difíceis, quer durante a guerra quer atualmente no meio de tantas limitações, contribuindo, deste modo, para dar à Igreja em Angola e em São Tomé e Príncipe aquele dinamismo que todos lhe reconhecem”. E foi assim que Bento XVI anunciou a criação da diocese de Namibe com território separado da arquidiocese de Lubango. Como seu primeiro bispo escolheu o Padre Mateus Senciano Tomás, pároco da catedral de Huambo.

Bento XVI pediu aos bispos angolanos que transmitam a sua “constante solicitude” pelas suas comunidades e sublinhou a orientação que hão de imprimir à sua atividade apostólica: “Contra um relativismo difuso que nada reconhece como definitivo e tende a defender como última medida apenas o próprio eu e os seus caprichos, nós propomos outra medida: o Filho de Deus, que é também verdadeiro homem. Ele é a medida do verdadeiro humanismo. O cristão de fé adulta e madura não é aquele que segue as ondas da moda e a última novidade, mas quem vive profundamente enraizado na amizade de Cristo. É esta amizade que nos abre a tudo o que é bom e nos dá o critério para discernir entre engano e verdade”.

Passando depois a referir-se ao “terreno da cultura”, “decisivo para o futuro da fé e a orientação global da vida do país”, o Papa congratulou-se pelo fato de a Igreja gozar de “prestigiadas instituições acadêmicas”. Estas – observou – “devem-se propor como ponto de honra fazer com que a voz dos católicos esteja sempre presente no debate cultural da nação, para que se reforcem as potencialidades de elaborar racionalmente, à luz da fé, as múltiplas questões que surgem nos vários âmbitos do saber e da vida”.

Sublinhando que “a cultura e os modelos de comportamento estão cada vez mais condicionados e caracterizados pelas imagens propostas pelos meios de comunicação social”, o Papa considerou “louvável” todo o vosso esforço que leve a Igreja a dispor, também a este nível, de “uma adequada capacidade de comunicação, de modo a poder oferecer a todos uma interpretação cristã dos acontecimentos, problemas, realidades humanas”.

Quanto à família, Bento XVI lembrou que esta se encontra, hoje em dia, “sujeita a múltiplas dificuldades e ameaças”, pelo que “tem particular necessidade de ser evangelizada e concretamente sustentada”.

“Na vossa solicitude de Pastores por cada ser humano, continuai a erguer a voz em defesa da sacralidade da vida humana e do valor do instituto matrimonial e para a promoção do papel da família na Igreja e na sociedade, pedindo medidas econômicas e legislativas que a sustentem na geração e educação dos filhos”.

O Papa congratulou-se com a existência, em Angola e São Tomé, de “tantas comunidades vibrantes de fé, com um laicado empenhado que se dedica a várias obras de apostolado”. Referido também, com apreço, “o consistente número de vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, nomeadamente contemplativa: “são (disse) um autêntico sinal de esperança para o futuro”.

“Enquanto o clero se vai tornando autóctone”, Bento XVI quis, contudo, “prestar homenagem ao trabalho paciente e heróico desenvolvido pelos missionários para anunciar Cristo e o seu Evangelho e para fazer nascer as comunidades cristãs”. Recomendou aos bispos um especial acompanhamento dos presbíteros, assegurando-lhes “formação permanente a nível teológico e espiritual, atentos às suas condições de vida e de exercício da sua missão, para que sejam testemunhas autênticas da Palavra que anunciam e dos Sacramentos que celebram”.

Bento XVI concluiu confiando-se às orações dos bispos de Angola e São Tomé e assegurando-lhes as suas “Àquele que é o verdadeiro Esposo da Igreja, por Ele amada, protegida e alimentada: o Filho unigênito do Deus vivo, Jesus Cristo Nosso Senhor. Que Ele sustente com a sua graça os vossos esforços pastorais, para que se tornem fecundos segundo o exemplo e sob a proteção do Coração Imaculado da Virgem Mãe”.

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