Angola

Bento XVI destaca reconciliação e perdão em Missa deste domingo

Cerca um milhão de fiéis participaram hoje, 22, de uma Missa com Bento XVI, em seu penúltimo dia de viagem à África, na esplanada de Cimangola, a 14 km de Luanda, capital de Angola. Em sua homilia, o Papa falou da experiência pessoal de tantos angolanos que sofrem as consequências da guerra civil e enfatizou que só a força do amor de Deus pode mudar os corações e fazer triunfar sobre o poder do pecado e da divisão.

.: Homilia na íntegra

Inspirando-se na primeira leitura da liturgia de hoje, que narra o convite ao povo exilado para regressar a Jerusalém e reconstruir o templo do Senhor, o Papa refletiu sobre a experiência pessoal de tantos angolanos que enfrentam as consequências da guerra civil, “infelizmente, disse, uma experiência familiar a toda a África”.

O Evangelho de hoje nos ensina que a reconciliação só pode ser fruto de uma conversão, de uma mudança do coração, de um novo modo de pensar. E ensina também que só a força do amor de Deus pode mudar os nossos corações e nos fazer triunfar sobre o poder do pecado e da divisão. Só Deus pode fazer novas todas as coisas. Bento XVI explicou ainda que foi à África justamente para proclamar a mensagem de perdão, de esperança e de uma nova vida em Cristo.

Exortando o povo angolano a ser construtor de um futuro melhor para o seu país, Bento XVI ressaltou os profundos valores humanos da sua cultura originária e tradições: famílias solidárias, profundo sentido religioso, celebração festiva do dom da vida, apreço pela sabedoria dos mais velhos e pelas aspirações do jovens. Bento XVI também recordou a contribuição de gerações e gerações de missionários, professores cristãos, catequistas, presbíteros, religiosas e religiosos, que sacrificaram sua vida pessoal para vos transmitir este tesouro precioso.

Olhem o futuro com esperança

“Pensemos no flagelo da guerra, nos frutos terríveis do tribalismo e das rivalidades étnicas, na avidez que corrompe o coração do homem, reduz à escravidão os pobres e priva as gerações futuras dos recursos de que terão necessidade para criar uma sociedade mais solidária e justa: uma sociedade verdadeira e autenticamente africana no seu estro e nos seus valores”, disse Bento XVI.

E citou os dramas morais da sociedade: “O espírito de egoísmo que fecha os indivíduos em si mesmos, divide as famílias e, espezinhando os grandes ideais de generosidade e abnegação, conduz inevitavelmente ao hedonismo, à fuga para falsas utopias através do uso da droga, à irresponsabilidade sexual, ao enfraquecimento do vínculo matrimonial, à destruição das famílias e à eliminação de vidas humanas inocentes por meio do aborto?”.

A tudo isso, incitou, concluindo a homilia, a Igreja católica deve dar uma resposta, buscando antes de tudo, a unidade interna e entre as etnias do continente:

“Coragem! Ponham-se a caminho! Olhem o futuro com esperança, confiem nas promessas de Deus e vivam na sua verdade. Deste modo, construirão algo destinado a permanecer e deixarão às gerações futuras uma herança duradoura de reconciliação, justiça e paz”.

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