Papa Francisco é um fenômeno, diz Bento XVI

Papa emérito Bento XVI afirma que, depois dele, Deus preparou um “fenômeno” para governar a Igreja Católica

Liliane Borges
Da Redação

francisco e bento XVI

“Estou muito contente com a minha renúncia, porque Deus preparou depois de mim um fenômeno”, diz Bento XVI. Na foto, o encontro histórico entre os dois /Foto: L´Osservatore Romano

O Papa Francisco é um fenômeno! A afirmação é do Papa emérito Bento XVI. A frase foi testemunhada pelo prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal Dom João Braz de Aviz.

“Quando o Papa Bento XVI comentou sobre Francisco, nós ficamos muito contentes, porque ele disse assim : ‘Estou muito contente com a minha renúncia, porque Deus preparou, depois de mim, um fenômeno’. Ele chama Papa Francisco de ‘fenômeno’”, enfatiza Dom Aviz.

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Seguindo as palavras de  Bento XVI, nada mais justo do que, realmente, qualificar o primeiro ano de pontificado de Francisco como um fenômeno visto em todo o mundo.

“A gente vai ao barbeiro e ele fala do Papa pra gente! Vai, em qualquer lugar, e falam do Papa pra gente. Isso, na Europa, lugar em que já não se falava mais de religião”, conta entusiasmado o Cardeal Dom João.

O Papa argentino deu início ao ministério petrino, no dia 19 de março de 2013, ao receber o Pálio e o anel de pescador. De lá para cá, foram 365 dias intensos, seguidos, passo a passo, por gente do mundo inteiro.

O Papa Francisco é um fenômeno, diz Bento XVI

“Com sua simplicidade, Francisco está surpreendendo o mundo”, diz Dom Décio Zandonade /Foto: L´osservatore Romano

“É algo simplesmente maravilhoso. O Espírito Santo suscita para cada época aquelas pessoas que se tornam profetas de um mundo novo. O Papa Francisco, com toda sua simplicidade, sabedoria, trazendo no coração todas as experiências com as igrejas da América Latina, está surpreendendo o mundo e, ao mesmo tempo, favorecendo a expansão missionária”, afirma o Bispo de Colatina (ES), Dom Décio Zandonade.

Números do 1º ano de pontificado

A insistência de Francisco, na ação missionária, ao pedir uma Igreja de portas abertas, que vá às periferias reais e as existenciais, concretiza-se em números expressivos neste primeiro ano de pontificado.

Até o fim de fevereiro, foram 38 audiências gerais, às quartas-feiras, tendo, em média, 50 mil peregrinos em cada encontro. Uma viagem apostólica internacional ao Brasil e três viagens em território italiano.  Foram 149 discursos, 252 homilias,  nove visitas pastorais às paróquias romanas.

A esses números, unem-se ainda uma Encíclica, uma Exortação Apostólica, quatro Motus Proprios, 36 cartas apostólicas, a criação de uma Secretaria para a Economia e um número incontável de ligações em resposta às correspondências que ele recebe diariamente.

Segredo de Francisco

Um Papa que fala,  com palavras e gestos,  que a esperança não pode ser perdida e que a Igreja é mãe de todos. E o segredo de Francisco é bem simples: “Ele encarnou o Evangelho e esse Evangelho agora transmite”, conta o bispo de Itabuna (BA), Dom Ceslau Stanula.

“O mundo evoluiu tanto, mas está perdendo a esperança, perdendo um pouco a confiança naquilo que construiu. E vem um Papa que diz: ‘Não deixem que tirem a esperança de vocês e  não a tirem dos outros!’ Eu acho que isso é magnífico. Por exemplo, a exortação Evangelii Gaudium é o conselho de um pai que ensina [os filhos] a se encontrarem com Cristo”, declara Dom Ceslau.

Segundo o bispo de Caraguatatuba (SP), Dom  José Carlos Chacorowski, nesses 12 meses, o “jeito Francisco de ser” tem apontado para o essencial do compromisso cristão. “É o tempo da graça que Deus nos oferece por meio de um homem simples e humilde, que vem da América Latina e apresenta ao mundo, na sua  simplicidade, a novidade do Evangelho”, afirma.

Protagonismo da América Latina

E esse “jeito de ser” tem  um componente original: a imprevisibilidade. Portanto, não é tarefa fácil prever os próximos passos desse pontificado. O prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Dom Fernando Filoni, dá algumas pistas. Ele afirma que podemos esperar de Francisco um incentivo ao protagonismo da América Latina.

“O Santo Padre me disse: ‘a América Latina tem de compreender que ela teve a capacidade de doar um Papa à Igreja (…), tem de ter uma capacidade missionária após os 500 anos de Evangelização’”, revela.

O arcebispo diz  ainda que Francisco afirmou a necessidade de o povo latino entender sua riqueza e  força. “O Papa disse: ‘A América Latina chora – não temos isso, não temos aquilo… temos necessidades… – Isso não é verdade! A América Latina tem riquezas extraordinárias! Vamos pensar na alegria da fé, no entusiasmo, na riqueza humana, na riqueza espiritual. A América é tão pobre que não tem nada para dar? Isso não é verdadeiro”, declarou o Papa ao arcebispo.

Em meio aos questionamentos sobre o que mais esperar de Bergoglio, o Cardeal João Braz de Aviz lembra o mais importante: “Ele combate com o Evangelho (…), ele é o nosso Papa da consolação, pois explica para nós a vida como Deus que consola, não como Deus que julga, porque o Senhor não é juiz , Ele não olha o pecado, mas  olha a pessoa”.

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