Arcebispo maior de Kiev destaca que este não é um Sínodo doutrinário, mas sim para partilhar experiências
Da Redação, com Rádio Vaticano
O relatório apresentado na segunda-feira, 13, com um resumo das reflexões dos padres sinodais, está no centro dos Círculos menores, iniciados nesta semana. Em entrevista à Rádio Vaticano, o arcebispo maior de Kiev, Ucrânia, Dom Sviatoslav Shevchuk, confirma, uma vez mais, que o relatório é um documento de trabalho, não definitivo. Confira a entrevista:
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Dom Sviatoslav – Estamos trabalhando. Esta Relatio não é um resultado definitivo da discussão. Agora estamos estudando nos Círculos menores este texto. Há muitas críticas. É preciso completar o texto para dar uma mensagem muito mais clara e equilibrada seja ao Santo Padre seja aos nossos fiéis. Antes de tudo, queremos reiterar a doutrina da Igreja sobre matrimônio e a família. Não temos nenhuma intenção de mudar a doutrina, mas estamos nos ocupando dos desafios pastorais que não vem de dentro da Igreja, mas do seu exterior. Nós procuramos o melhor modo para responder a estes, propondo novamente a chave alegre e positiva do Evangelho da família.
Quais as críticas, segundo o senhor, da Relatio post disceptationem (o relatório apresentado?
Dom Sviatoslav – Precisa ser muito mais claro. Como se diz, “o diabo se esconde nos detalhes” e, às vezes, a intenção dos padres não corresponde plenamente ao texto formulado. E isto confunde. A doutrina não muda, desenvolve-se, isso é, está se aperfeiçoando para responder justamente aos desafios. Na história da Igreja, a parte doutrinal se formou como resposta dos cristãos a certas heresias ou interpretações erradas da fé cristã. Este não é um Sínodo doutrinal, não estamos aqui para discutir a doutrina, mas para partilhar a nossa experiência pastoral. Estamos realmente considerando estes grandes sofrimentos e estes desafios que a família cristã sofre no mundo de hoje.
As situações irregulares para as quais se está olhando em atitude de misericórdia, de escuta, de que proposta necessitam?
Dom Sviatoslav – Por um lado, queremos reiterar a doutrina: a família é a união estável, fiel e sacramental entre um homem e uma mulher. As outras convivências não as estamos considerando como famílias, porém é preciso também reiterar que, por exemplo, se um homem e uma mulher sem o matrimônio eclesiástico vivem um matrimônio estável, fértil, fiel e estes semeiam verbos, as sementes da verdade, devem ser valorizados e considerados como um ponto de partida para ajudar essas pessoas a alcançar o ideal evangélico. Talvez pela primeira vez a atenção dos pastores está dirigida para o exterior do recinto.
A mídia falou de abertura aos casais homossexuais. Como estão as coisas?
Dom Sviatoslav – Não é assim. Não estamos falando de abertura. Falou-se do sofrimento dessas pessoas. Não podemos considerar a orientação homossexual como um bem a valorizar; é uma grande dificuldade que provoca sofrimento nessas pessoas. Por isso é preciso olhar com olhos claros: por um lado, não se pode identificar a pessoa com a sua tendência homossexual; por outro, devemos nos perguntar como podemos iluminar sua existência – realmente provada pelo sofrimento pessoal – com a luz do Evangelho.