Religiões se unem pelo desarmamento

Foi laçada na manhã da última sexta-feira, 21, a campanha Religiões Unidas pelo Desarmamento, promovida pelo Instituto “Sou da Paz”, em parceria com a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo e o apoio de diferentes tradições religiosas.

Entre os dias 22 e 30, além dos 137 postos fixos sediados pela GCM, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal, 19 paróquias da Arquidiocese de São Paulo e Diocese de Campo Limpo receberão armas e munições.

O ato de lançamento da campanha aconteceu na sede da Prefeitura Municipal de São Paulo, no centro da capital, entre os participantes estava o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer.

De acordo com a diretora do “Sou da Paz”, Melina Risso, o envolvimento das religiões nesta campanha é muito importante, pois essas tradições religiosas atuam no sentido de salvar vidas. “Esta união soma esforços e nos ajuda no sentido da sensibilização para a efetiva entrega de armas”.

Para Melina, o sucesso de qualquer campanha de entrega voluntária de armas depende de dois fatores. “o primeiro é que todos saibam que podem entregar a sua arma e o segundo fator é que há uma facilidade na entrega das armas” com a existência de mais postos de coleta.

Saiba mais sobre a campanha

Dom Odilo espera que a campanha tenha êxito com a colaboração máxima de todos. Por outro lado, o cardeal destacou a amplitude do que pode significar o ato de entregar voluntariamente uma arma, chamando a atenção para o fato de que a simples entrega das armas não é suficiente.

“Alguém pode entregar uma arma velha porque já tem uma nova. Entregar uma arma ruim porque tem uma arma melhor. Ou entregar a arma, de fato, com a intenção de não querer mais usar arma contra ninguém”, disse dom Odilo, salientando que é preciso “uma verdadeira educação para o desarmamento e para a paz”.

O secretário municipal de Segurança Urbana de São Paulo, Edsom Ortega, completou, lembrando que São Paulo se destacou na redução do número de homicídios. “Certamente essa campanha de desarmamento teve um papel importante nessa redução”, afirmou.

O inspetor Dorival Perbone Júnior, coordenador titular pela GCM para a campanha, confirma esse dado, citando o resultado de uma pesquisa que provou que a cada 18 armas tiradas de circulação uma vida foi salva.

No final do evento, o reverendo Elias Pinto, da Casa das Religiões Unidas, convidou os representantes religiosos fizessem uma oração comum, na qual repetiram a frase “que paz prevaleça sobre São Paulo”.

Educação para paz

Também de acordo com dom Odilo, além da entrega das armas é preciso um conjunto de ações como o controle do uso das armas pela população a fim de que elas não sejam colocadas ilegalmente nas mãos das pessoas, e também um maior controle daqueles que legalmente possuem o porte de armas, de modo que isso não venha representar um risco para a sociedade.

Outra necessidade apontada pelo arcebispo é o controle da entrada de armamentos no país. “O tráfico de armas é uma das formas mais rentáveis de comércio ilegal no mundo”, ressaltou.

Ao falar sobre a educação para a paz, dom Odilo afirmou que é importante que haja leis mais restritivas no controle da fabricação de brinquedos que educam para violência. “Com frequência vemos o uso de armas nas escolas de maneira trágica. Certamente isso vem da imitação de atitudes adultas, mas, com muito mais probabilidade, da simulação feita em jogos violentos”.

Mas o purpurado apontou também que é preciso também educar para o “desarmamento dos espíritos”. “Não basta desarmar as mãos, é preciso desarmar o coração, ou seja, para a valorização da própria vida e da dignidade do próximo […]. Não somos donos da vida, mas a recebemos como dom e devemos zelar por ela e muito menos somos donos pela vida do próximo de modo que possamos dispor dela ou tirá-la a nosso critério ou sob o impulso de ira ou de violência que seja, concluiu dom Odilo, recordando que o mandamento “não matarás”, deve permanecer nas consciências de todos.

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