Tempo litúrgico

Quaresma provoca fiéis a uma resposta de conversão, diz padre

Doutor em Teologia Bíblica-litúrgica explica que, ao relembrar alianças de Deus com seu povo, liturgia propõe aliança eterna com Jesus

Julia Beck, com colaboração de Thiago Coutinho
Da redação

/Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

Preparação para a Páscoa — maior festa da Igreja Católica —, o tempo litúrgico da Quaresma provoca os cristãos à penitência, uma vida de oração e de caridade. A afirmação é do doutor em teologia bíblica-litúrgica, padre Anderson Marçal. “A quaresma é como se você estivesse caminhando em um funil, ela vai nos provocando constantemente a uma resposta de conversão (…), para que nós, na Semana Santa, possamos dar uma resposta concreta a este Deus que nos ama de forma incondicional”, frisou.

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O Ano Litúrgico, que organiza uma série de leituras bíblicas, adequadas a cada Tempo Litúrgico, é divido em ano A, ano B e ano C. Neste ano de 2018, a Igreja vive o ano C, período que, de acordo com padre Marçal, traz leituras que relatam histórias de aliança de Deus com o seu povo. “Deus insiste em fazer uma aliança conosco. Mesmo quando nós não somos fiéis a Ele, Ele permanece fiel a nós. Então o que fica evidente neste ano é esse Deus que por amor a cada um de nós faz suas alianças, principalmente no Antigo Testamento, até culminar na nova e eterna aliança com Jesus Cristo”, destacou o sacerdote.

Padre Anderson Marçal /Foto: Wesley Mendes – Canção Nova

Segundo padre Marçal, práticas como a via-sacra, comumente realizadas neste período quaresmal, são importantes iniciativas que, se vividas de forma atual, auxiliam os fiéis na resposta concreta de conversão. “As 14 estações têm esse caráter de meditação, mas essa meditação não pode ser algo desencarnado, ela precisa ser algo encarnado com a minha realidade”, frisou. O sacerdote aconselhou paróquias e comunidades pastorais a incentivarem os cristãos a reviverem os últimos passos de Jesus.

Para os fiéis interessados em realizar na Quaresma um estudo aprofundado da Palavra de Deus, padre Marçal indica a leitura dos capítulos de 13 ao 21 do evangelho de São João. As narrações perpassam o início da Santa Ceia, o lava pés até chegar ao aparecimento de Jesus ressuscitado. “Estes capítulos nos levam à contemplação do que Deus pode fazer por nós”, ressaltou.

Confissão e jejum

Dois eixos centrais da Quaresma, a confissão e o jejum são ações com raízes ainda pouco compreendidas pelos fiéis, de acordo com padre Marçal. Para se fazer uma boa confissão, por exemplo, o sacerdote explica que o católico precisa compreender que o ponto de partida não deve ser o pecado, e sim o amor incondicional de Deus. “Deus me ama de forma incondicional e me amando de forma incondicional, eu, nas minhas fraquezas e nos meus limites, não correspondo a este amor, o que significa que, o meu pecado, não corresponde ao amor de Deus”, frisou.

Sobre o jejum, o sacerdote explica que nada adianta não ingerir algum tipo de alimento (doce, carne, refrigerante, …), se a abstinência não gerar gestos concretos de caridade. “O jejum e a abstinência têm todo um caráter social, onde a pessoa deixa de comer coisas na Quaresma, mas ela guarda tudo para comer depois. Isso não é jejum nem penitência. Não é eu guardar para comer depois. Precisa ter caráter de caridade e me levar a fazer uma experiência de encontro com o outro”, concluiu.

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