Elas começaram como um espaço de troca entre amigos. Viraram palco de debates, vitrine de estilos de vida e, agora, também, território da fé. No Dia Mundial das Redes Sociais, nossa reportagem revela como evangelizadores digitais usam a força das mídias para tocar corações e formar comunidades.
Reportagem de Elane Gomes e Antônio Matos
Para tirar dúvidas, fazer catequese ou acessar vários outros assuntos sobre a fé, cada vez mais pessoas utilizam as plataformas digitais. “Sim, especialmente estudar
a fé e também defendê-la”. “Eu procuro oração para mim seguir mais forte, na caminhada com Jesus”.
E se tem muita gente acessando as redes sociais, cresce também o número de quem se sente chamado a evangelizar através da internet. O missionário Tiago Marcon é um exemplo. Membro da Comunidade Canção Nova há 17 anos e apresentador de vários programas de televisão, ele iniciou a vida missionária nos meios de comunicação a partir do ambiente digital. “E Deus moveu meu coração me dizendo: ‘Se exponha, compartilhe as suas vivências’, foi quando eu comecei um canal naquela época no YouTube”, contou Tiago.
Desde o começo, Tiago percebeu os frutos dessa missão. “E pra minha surpresa eu fui recebendo muito retorno, e ali eu fiz muitas experiências de rezar por pessoas, de aconselhar, e eu percebi que realmente era uma via muito eficaz”, completou.
Pensando nessas novas formas de vivência da fé, a Igreja tem observado o papel das mídias e dos missionários digitais na evangelização do mundo moderno, que embora exija nova linguagem e até a tecnologia, precisa levar em conta principalmente aquilo que sempre foi a missão dos discípulos de Cristo. “Que com o seu testemunho, com o seu apostolado, anunciem a boa nova, anunciem Jesus Cristo também ao mundo”, apontou o assessor de Comunicação da CNBB, padre Arnaldo Rodrigues.
Se o ambiente digital promove o relacionamento entre as pessoas e faz a mensagem de Jesus chegar mais longe com poucos recursos, as formas de uso também trazem alguns riscos. “O risco do desenraizamento é que se dá exatamente no sentido de que, se eu vivo apenas uma realidade digital, eu posso não ter uma experiência comunitária”, reforçou o assessor.
E sobre esse isolamento, assim como Bento XVI e Francisco, Papa Leão XIV recentemente lembrou em alguns discursos sobre o risco de estar conectado, mas ser incapaz de fazer redes. Por isso, o desafio do missionário digital é grande. “De ajudar as pessoas a assumirem o Evangelho, na família, na comunidade, no trabalho, onde acontece a vida”.
No mês que vem, evangelizadores digitais de várias partes do mundo estarão em Roma para viver o jubileu e ouvir o que a iIreja espera dessa vocação. “De serem também portadores sim, da fé, do amor e também da esperança que vem de Jesus”, concluiu o presidente da Comissão para Comunicação CNBB, Dom Valdir José de Castro.