Padre Rivelino fala sobre o Dia Mundial dos Pobres; conheça o trabalho da Pastoral de Rua da Paróquia São Sebastião, no interior de SP
Júlia Beck
Da redação
Instituído pelo Papa Francisco, o II Dia Mundial dos Pobres será celebrado neste domingo, 18. A data mobiliza ações em Paróquias, Dioceses e Arquidioceses do mundo todo, e é apontada pelo padre da Paróquia São Sebastião – localizada em Cachoeira Paulista, interior de SP –, Rivelino Nogueira, como um momento forte para os cristãos reconhecerem o próprio Cristo nos mais necessitados. “Nele [pobre] está o próprio Cristo, o Jesus que passa fome, o Jesus enfermo, o Jesus necessitado. É o momento de ver nos pobres o rosto de Cristo”.
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O Dia Mundial deste ano tem como lema: “Este pobre grita e o Senhor o escuta” (Sl 34, 7). Segundo padre Rivelino, a frase do salmista é um alerta para que seja ouvido o clamor do povo sofrido. “Um povo que está aí gritando não só de fome de alimentos, mas também da fome espiritual. É para olharmos mais e nos preocuparmos mais”, frisou. O sacerdote comentou sobre as várias necessidades dos pobres no Brasil e no mundo e questionou os fiéis: “O que adianta termos tanta coisa, se meu irmão ao meu lado e à minha frente está sofrendo?”.
A Paróquia São Sebastião, local onde padre Rivelino exerce atualmente a função de pároco, realiza todas as sextas-feiras a entrega de aproximadamente 40 marmitas a moradores de rua da cidade. A ação, coordenada pela professora de 40 anos, Andréia Maria Silva de Barros, responsável pela Pastoral de Rua da Paróquia, é fruto de uma Assembleia Paroquial realizada em 2017. Segundo a coordenadora, todas as sextas-feiras, às 15h, no salão Paroquial um grupo de voluntárias prepara as marmitas e uma outra equipe de voluntários realiza as entregas.
“Os nossos membros da Assembleia levantaram essa questão, de que a paróquia precisa voltar a olhar para as pessoas que sofrem. Quantos vêm até a Paróquia pedindo o que comer, pedindo ajuda. Isso foi suscitado, e surgiram vários voluntários, leigos, que abraçaram a causa. Eu incentivei e motivei a levarmos este projeto adiante. Tem sido uma benção!”, comentou o sacerdote.
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A iniciativa começou em dezembro do ano passado, próximo ao Natal, quando os leigos sentiram a necessidade de realizar uma ação social. “Iniciamos a pastoral fazendo 30 kits de Natal, e logo em seguida começamos com as marmitas, e com a graça de Deus nunca falhamos uma sexta-feira”, contou Andreia. A professora, que além de coordenadora da Pastoral de Rua, é também coordenadora do CPP (Conselho Pastoral Paroquial) e ministra extraordinária da Comunhão Eucarística, revelou que sempre teve o desejo de ajudar os mais pobres, e a oportunidade de coordenar a Pastoral de Rua lhe rendeu o trabalho que ela elencou como o que mais a completa no serviço paroquial.
“Posso dizer que hoje, de todos os trabalhos que desenvolvo na minha Paróquia, o que mais me completa é a Pastoral de Rua. Já tivemos muitas experiências fortíssimas nas entregas das marmitas, milagres, partilhas, posso dizer que sou uma pessoa muito melhor, sem preconceito, mais grata a Deus e realizada por encontrar Jesus nos irmãos de rua”, afirmou. Apesar da data, Andreia conta que o trabalho da Pastoral é anual, e vive de doações e da providência divina. “Vidas são transformadas com esse trabalho, há restauração verdadeira”.
Andreia conta que além do auxílio das necessidades físicas, como alimento, vestuário e moradia, os moradores de rua demonstram uma forte necessidade de serem ouvidos. “Vamos lá cuidar um pouco de tudo, mas também queremos dar voz e um pouco de dignidade a eles. Não podemos julgar o porquê deles ali, e sim acolher a sua história, sendo um canal de Deus na Vida deles. Muitos querem apenas ser ouvidos, amados e respeitados”, sublinhou.
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De acordo com padre Rivelino, o trabalho da Pastoral de Rua é importante, pois se preocupa mais com a vida daqueles que sofrem dentro da Paróquia. “Não podemos viver só na teoria, temos que viver na prática, no serviço”, argumentou. Para o pároco, o trabalho social é uma forma continuada da Igreja local servir às pessoas em situações de vulnerabilidade social.
“Vemos que os leigos que estão se dedicando a este trabalho pastoral e social comentam como esse projeto tem os ajudado a crescer na fé, a enxergar mais Jesus no próximo. Ajudar o irmão motiva na vida espiritual”, afirmou o sacerdote.
Andreia declara: “Permaneço firme, juntamente com os meus irmãos de comunidade, que assim como eu, abraçaram a pastoral como algo fundamental de sua vida”, comentou a professora, que concluiu convidando outros cristãos a também fazerem parte deste trabalho.
“A quem deseja ajudar o próximo posso afirmar que o mais ajudado será você. Tenha coragem, procure o seu pároco, sugira uma ação social, reúna amigos em torno da solidariedade, há muitas pessoas que desejam ajudar e às vezes o que falta é alguém ir, e pedir. A corrente do bem acontece. Unidos somos mais fortes. Olhe ao seu redor com mais misericórdia, enfim tenha os mesmos sentimentos de Jesus. Nosso lema da pastoral de rua é: Cuidando do Jesus Necessitado. E quem se sentir tocado pode nos procurar também”, finalizou.
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