Brasil está entre os 15 países com maiores taxas de depressão e ansiedade do mundo
André Prado*
Principalmente a partir do século XXI, determinadas doenças que afetam a saúde mental dos seres humanos passaram a ser diagnosticadas, estudadas e tratadas. Considerando que a maioria dos trabalhadores vivencia pelo menos um terço de seu dia desenvolvendo suas atividades laborais, algumas doenças começaram a produzir reflexos no ambiente corporativo.
Levando em conta este contexto não é difícil encontrar uma série de relatos sobre depressão, transtorno de ansiedade, Síndrome de Burnout, estresse profundo, Síndrome do Pânico, irritabilidade frequente, Síndrome do Pensamento Acelerado, Transtorno Obsessivo Compulsivo e assim por diante.
O fato merece atenção devido ao fato de que, levando-se em conta apenas a depressão, dados da Organização Mundial da Saúde indicam que centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem deste sintoma, tendo ocorrido uma elevação do percentual na última década. O Brasil está entre os 15 países com maiores taxas de depressão do mundo, sendo inclusive o país mais deprimido e ansioso da América Latina.
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Dependendo do impacto da doença, quando o trabalhador não se afasta para tratamento médico, os sintomas podem ser devastadores no desempenho de suas atividades, ainda mais considerando que as organizações cobram produtividade e capacidade de se relacionar bem.
Percebendo comportamentos diferentes no colaborador, algumas organizações por vezes optam pela omissão ou demissão ao invés de procurar fazer algo que possa auxiliar o funcionário a se restabelecer.
Este fato é lamentável infelizmente, pois as empresas podem apoiar e ajudar na recuperação do trabalhador. Inclusive é possível encontrar depoimentos publicados de trabalhadores que passaram por problemas relacionados ao assunto e depois de auxiliados pela empresa, passaram a ser gratos e muito produtivos. Cabe ressaltar que empresas que investem em Qualidade de Vida no Trabalho costumam propiciar um ambiente laboral mais saudável.
A Saúde Organizacional
As doenças organizacionais geralmente são classificadas como econômicas, financeiras, técnicas, mercadológicas, administrativas e comportamentais. No que se refere à doença comportamental, a empresa pode ser afetada pela falta de motivação, baixíssimo nível de coesão, elevado número de atritos e significativo nível de rejeição às mudanças.
É indissociável abordar algumas questões comportamentais sem correlacioná-las com aspectos da saúde mental. Por exemplo, o elevado número de atritos pode estar associado a fatores de irritabilidade frequente ou estresse profundo.
Mesmo após procurar filtrar em várias etapas seletivas candidatos que possuam elevada inteligência emocional, é interessante saber que as empresas ainda tenham diversos problemas comportamentais no cotidiano.
Um dos fenômenos alarmantes que tem crescido são os indivíduos que sofrem de sofomania, ou seja, pessoas afetadas por uma confiança exagerada no que se refere à própria sabedoria. Este comportamento pode ocorrer tanto na vivência social como no mundo corporativo. Na verdade quem sofre deste indício tenta explicar fatos que lhe faltam embasamentos, mas defendem suas ideias como profundos conhecedores e ainda rejeitam ou ignoram qualquer tipo de contrariedade.
Com o aumento do sectarismo oriundo do conjunto de convicções, valores e juízos que alguém pode formar sobre determinados assuntos, um número considerável de discussões improdutivas podem surgir quando os sofomaníacos se fizerem presentes.
Mesmo sem fundamentos palpáveis, quem sofre deste prognóstico insiste em provar com um ar de elevada confiança ou arrogância o seu pseudo-conhecimento sobre determinados assuntos, mesmo que estes se baseiem em notícias falsas (fake news). Caso continue sendo contrariado por pessoas que não concordem com suas alegações, o sofomaníaco pode agir agressivamente por não aceitar ideias opostas.
Para evitar falar sem propriedades ou baseados em achismos, os indivíduos deveriam procurar pesquisar mais sobre os assuntos discutidos, não se limitando apenas em pesquisas que não vão além da primeira página de buscas na Internet, mas em livros, revistas especializadas, artigos científicos, documentários e depoimentos de especialistas.
As empresas devem estar atentas ao comportamento de seus colaboradores, principalmente de cargos mais elevados hierarquicamente, afinal em funções em que o poder decisório é maior, podem existir abusos que prejudicam o verdadeiro espírito de equipe tão necessário para o crescimento organizacional.
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*André Prado é Mestre em Educação com Menção em Gestão pela Universidad Politécnica Salesiana Ecuador, pós-graduado em Engenharia da Qualidade e bacharel em Administração de Empresas. Desenvolve atividades na Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo, Faculdade Canção Nova e Centro Universitário Teresa D´Ávila. Para conhecer mais sobre gestão visite o site: www.andreprado.com.br