Abertura das festividades

Missa recorda centenário de nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns

Dom Paulo Evaristo Arns foi arcebispo de São Paulo por 19 anos; missa na Catedral da Sé abriu as festividades do centenário 

Denise Claro
Da redação 

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Missa foi celebrada na Catedral da Sé/ Foto: Reprodução Arquidiocese de São Paulo

Nesta terça-feira, 14, a arquidiocese de São Paulo celebrou uma Missa em comemoração ao Centenário de nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns. A celebração abre as festividades em memória do cardeal que foi arcebispo de São Paulo no período de 1979 a 1998.

Na acolhida, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, acolheu os bispos, padres e autoridades presentes recordando o exemplo de Dom Paulo. “Nesta Solenidade, Festa da Exaltação da Santa Cruz, nos lembramos de uma grande personalidade, Dom Paulo Evaristo Arns. Abrimos assim o Centenário do seu nascimento com essa Celebração Eucarística, agradecendo pela sua vida e recordando o legado que ele nos deixou.”

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Vida e testemunho

No início da missa, a história de Dom Paulo foi recordada pelo Cônego Cido Pereira.

“Cada um de nós presente aqui hoje tem no coração o homem de Deus Dom Paulo Evaristo Arns, que Deus quis seguidor de São Francisco, padre, bispo, arcebispo de São Paulo. Vamos chamá-lo de Dom Paulo. Para muitos ele era apenas Dom, ‘Dom’ de dádiva preciosa para as ovelhas de Cristo, que lhe foram confiadas. Esta celebração marca o início de tantas outras, que durante o ano evocarão a figura, a obra e o legado de Dom Paulo para o presente e o futuro da Igreja em São Paulo.”

Cônego Cido reforçou que a celebração só poderia ter início na Catedral da Sé, espaço sagrado, pois foi dali que Dom Paulo foi ‘o que Cristo quis dele’, participante do seu tríplice ministério: sacerdote, profeta e pastor. 

“Aqui Dom Paulo celebrou as alegrias do povo de Deus, mas também as cruzes e dores do seu rebanho. Aqui ele dava vez e voz aos sem voz e vez, e daqui ele saía pela cidade afora celebrando com seu rebanho nas mais humildes capelas, centros comunitários e paróquias. Aqui, do altar, ele incomodou os poderes omissos e cruéis que faziam sofrer com a tortura, com a morte os que sonhavam uma vida com dignidade para os brasileiros, aquela vida em abundância que Cristo veio trazer a cada mulher e a cada homem.”

Luta pelo povo

O religioso lembrou que Dom Paulo se tornou arcebispo de São Paulo em 1970, época em que o Brasil vivia o regime militar. “Dom Paulo foi o pastor que Cristo desejou que ele fosse. Nessa época Dom Paulo criou a Comissão Justiça e Paz. Diziam os membros desta comissão que a coragem de Dom Paulo os impedia de ter medo. Não faltaram tentativas de calar o cardeal dos direitos humanos. Mas Dom Paulo jamais deixou de exortar, encorajar e animar o povo de Deus. Fez o púlpito desta catedral uma tribuna que evangelizava os pobres.”

O cônego recordou toda a trajetória de vida do arcebispo, desde o seu chamado sacerdotal, e as inúmeras pastorais criadas por Dom Paulo, como a Pastoral da Criança, conduzida por sua irmã Zilda Arns.

“Engana-se quem vê em Dom Paulo apenas uma figura política, ele foi um homem de oração, um homem de Deus. Foi essa mística que fez dele um sacerdote, mestre, pastor, cardeal dos direitos humanos e da defesa dos pobres. Aos que tiveram a graça de conviver com esse homem certo para o tempo certo da Igreja, a todos e a cada um ele tinha palavras de entusiasmo. Celebramos neste Centenário nossa saudade, nossa alegria, nossa gratidão, por este que evangelizou esta cidade, onde mora Deus.”

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Cruz e Esperança

Em sua homilia, Dom Odilo recordou a Solenidade da Exaltação da Santa Cruz e o significado da esperança que animava os passos de Dom Paulo. 

“A Igreja olha para a cruz salvadora de Cristo com profundo reconhecimento e gratidão. A Cruz lembra o cálice amargo que nosso Salvador aceitou beber até o fim, derramando até a última gota de sangue por nós. Jesus aceitou seguir até o fim o caminho da cruz, para nos mostrar até onde o amor misericordioso de Deus é capaz de ir conosco para nos alcançar, para nos salvar.”

E recordou a missão de Dom Paulo como um dom de Deus concedido à humanidade, que sempre tinha a esperança como norte.  “Seu lema episcopal, ‘de esperança em esperança’, foi escolhido antes mesmo de saber tudo o que ia passar. Em sua missão, sempre esteve presente a esperança.”

O cardeal reforçou a grande missão de Dom Paulo na arquidiocese de São Paulo e no Brasil da época. “Dom Paulo, diante das situações, indicou um caminho de esperança para o povo. Se empenhou e encorajou muitos outros a se empenharem com esperança pela democracia. Dom Paulo queria uma Igreja em que todos tivessem o seu lugar, e pudessem participar dela. Queria a superação das desigualdades, sonhava com uma sociedade sem violência, com mais educação, saúde.”

Ao final, Dom Odilo fez um apelo aos fiéis, para que refletissem sobre o futuro da sociedade, a exemplo de Dom Paulo. “Seria demais esperar que nós, hoje, renovássemos também nossa esperança para que este sonho se torne realidade? Continuemos a nos empenhar no dia-a-dia, com coragem e paciência, na edificação de um mundo melhor para todos. Jesus Cristo na Cruz nos dê coragem e perseverança”.

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