Especial 80 anos

Eto e Luzia contam detalhes do dia a dia de Monsenhor Jonas

Os cofundadores da Comunidade Canção Nova contam detalhes sobre a vida de Monsenhor Jonas nesses mais de 35 anos de convivência

Kelen Galvan
Da redação

Nesta quarta-feira, 21, o fundador da Comunidade Canção Nova, monsenhor Jonas Abib, completa 80 anos de idade. Ao longo de sua trajetória, ele se tornou referência para muitas pessoas como um homem de oração, carismático, como sacerdote, e até mesmo como um pai. 

Há também quem tenha monsenhor Jonas como um irmão e essa fraternidade vai muito além de um laço de sangue. Aqueles que convivem com ele há muitos anos tocam de perto essa realidade.

Eto e Luzia convivem com Monsenhor Jonas Abib há mais de 35 anos / Foto: Arquivo Canção Nova

Eto e Luzia convivem com Monsenhor Jonas Abib há mais de 35 anos / Foto: Arquivo Canção Nova

Wellington Silva Jardim, o Eto, convive com o sacerdote há 42 anos. Mesmo antes da fundação da comunidade, ele ajudou o sacerdote a pôr em prática seus projetos com uma Rádio recém-adquirida em Cachoeira Paulista (SP). Padre Jonas, que morava em Queluz (SP), mudou-se para a casa do Eto, e desde então convivem na mesma residência.

“Graças a Deus, eu vejo que essa motivação e amizade nos tornou irmãos. Como ele me chama de companheiro, eu também o chamo de companheiro. Nunca tomei a benção dele, porque dentro de casa somos dois irmãos. Ele, na parte espiritual, eu vejo um homem que vive para a oração, para os outros. E eu sou o oposto, sempre pensando nos negócios”.

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Homem que confia

Eto, cofundador da comunidade ao lado de sua esposa, Luzia Santiago, lembra a atitude de monsenhor Jonas de confiar nas pessoas, mesmo quando vê o pior delas.

Eto convive com Monsenhor Jonas há 42 anos / Foto: Arquivo Canção Nova

Eto convive com Monsenhor Jonas há 42 anos / Foto: Arquivo Canção Nova

“Padre Jonas foi um instrumento que me tirou do lodo. (…) Ele acredita em todo mundo cegamente, como ele acreditou em mim (…) Ele não fala não pra ninguém, ele não pede nada, mas procura fazer. [Na mesa] ele não tem coragem de pedir a travessa de arroz, mas levanta-se e vai se servir”.

Ele destaca ainda que o monsenhor é uma pessoa cativante e com uma forte presença no convívio diário. “Ele é aquela pessoa que cativa você e quando vai viajar, faz falta. Como se tivesse quebrado uma perna da cadeira. A presença dele é muito marcante, não só no serviço, na decisão, mas também na santidade (…) a presença dele mostra o que é vida e onde está Jesus”.

Abraço sincero

Luzia Santiago, junto com padre Jonas há 38 anos, destaca que ele é uma pessoa muito simples e se dá inteiro até para uma pessoa que ele nunca viu. “O abraço dele é realmente o abraço do amor de Deus”.

Ela afirma que a experiência do cotidiano é muito importante e que monsenhor Jonas demonstra todos os dias essa ternura e esse acolhimento. “Eu vivo na mesma residência com padre Jonas e o Eto, meu marido, há muitos anos. De manhã, quando acordamos ele acolhe a cada um. Seja logo cedo, na hora do almoço ou à tarde ele vem com o mesmo abraço como se fosse o primeiro da manhã, e com o mesmo sorriso”.

Coração simples e alegre

Luzia está ao lado de Monsenhor Jonas há 38 anos / Foto: Arquivo Canção Nova

Luzia está ao lado de Monsenhor Jonas há 38 anos / Foto: Arquivo Canção Nova

Luzia lembra a simplicidade de monsenhor Jonas, que se agrada com pequenos gestos, como receber um doce ou quando têm a oportunidade de comer uma comida libanesa. “Ele fica como uma criança”, conta Luzia, tamanha sua alegria.

A cofundadora da Comunidade Canção Nova destaca que padre Jonas não gosta de fazer uma refeição sozinho, mas gosta de estar com as pessoas. “Lá em casa têm uma mesa oval, porque conforme alguém for chegando, a gente vai apertando até ficar bem juntinho, porque ele gosta desse encontro na mesa. Algo próprio da família libanesa e dos italianos, da origem dele. A refeição é um momento de família. Ali ele conta os causos dele, dá liberdade para todo mundo falar. Mas, se surge um assunto negativo, ele já puxa a conversa pro outro lado, porque para ele, na mesa é o lugar sagrado, da convivência e da partilha”.

Ela conta que a alegria de monsenhor Jonas é perceptível, mesmo em momentos difíceis, para todos os que têm oportunidade de estar com o padre. Ele não deixar transparecer algo que vá contrariar as pessoas, destaca.

Outro ponto que Luzia destaca é a pureza que monsenhor Jonas demonstra até nas brincadeiras. “Ele anda muito sarrista, mas nunca com malícia (…) O coração do Padre Jonas é um coração de criança, muito esperto, mas ao mesmo tempo, simples e ingênuo, porque ele não tem maldade”.

Quando se entristece

Sobre o que entristece o sacerdote, Luzia conta algumas situações que chateiam o coração de padre Jonas. Uma delas é ver as pessoas que convivem com ele chateadas. “Ele fica muito angustiado quando me vê chateada, quando vê o Eto chateado, ou percebe algo na comunidade ou com alguém, ele fica muito triste”.

Outro ponto que o chateia são algumas realidades difíceis vividas no nosso país, como a corrupção, realidade pela qual o sacerdote dedica muitas horas de oração, conta Luzia.

Segundo ela, padre Jonas têm um anseio muito grande de ver as pessoas evangelizadas. Como afirma uma palavra que o acompanha há muito tempo: “ó meu povo pisado, malhado como um grão, aquilo que aprendi do Senhor eu vos anuncio” (Is 21,10). “Ele tem esse impulso, essa sede, no coração e se entristece ao ver o que os jovens estão vivendo, ao ver uma sociedade que precisa ser transformada”.

E ele se condói muito com a realidade dos pobres, até por isso a Canção Nova têm o trabalho com as obras sociais, destaca.  Contudo, diante de todos esses fatos, não há uma dor de “tudo está perdido”, mas de “vamos fazer a nossa parte”, explica Luzia.

Dia a dia do padre Jonas

alegria de monsenhor Jonas é perceptível para todos os que têm oportunidade de estar com ele, mesmo em momentos difíceis, afirma Luzia / Foto: Arquivo Canção Nova

Alegria de monsenhor Jonas é perceptível, mesmo em momentos difíceis, para todos os que têm oportunidade de estar com ele, afirma Luzia / Foto: Arquivo Canção Nova

A cofundadora conta que escuta quando padre Jonas levanta cedo já orando em línguas e em seguida liga na TV Canção Nova. “Ele se arruma orando em línguas e às 7h já está celebrando a Missa, quando não tem compromisso em outro horário, e ali, ele dá tudo de si”.

Luzia conta que, mesmo com poucas pessoas na Missa, monsenhor Jonas prega como se fosse para uma multidão, sempre indicando a importância do encontro pessoal com Cristo. “Não basta ser batizado no Espírito Santo, mas é preciso o encontro pessoal com Nosso Senhor, todos os dias. E é esse cultivo que nos faz testemunhas do Evangelho. E o Padre Jonas tem esse testemunho”.

Logo após, ele toma o café da manhã, depois faz a liturgia das horas e já parte para suas atividades, com o estudo da Bíblia, na capela.

Três vezes por semana, fisioterapia, faz fonoaudiologia, inclusive para manter bem sua parte pulmonar, que é seu ponto vulnerável, por já ter pego tuberculose e pneumonia. “Ele é muito disciplinado, e às 17h sempre tem sua atividade física”, conta.

Tirando esses compromissos, o restante do dia é cheio de atividades, como atendimentos, realizar visitas, fazer alguma gravação ou participar de algum compromisso com a Comunidade.

Dentre as atividades de monsenhor Jonas estão as visitas ao setores da Canção Nova / Foto: Arquivo Canção Nova

Dentre as atividades de monsenhor Jonas estão as visitas ao setores da Canção Nova / Foto: Arquivo Canção Nova

Por volta das 17h30 ele já toma seu banho e às 18h30 já está na capela para fazer a Adoração Eucarística. Ele janta às 19h e às 20h reza o terço com os presentes em sua casa. Luzia conta que ele gosta de motivar a oração do terço e sempre observa como as pessoas estão rezando para que seja com voz forte.

“Isso porque sempre as coisas do padre Jonas são muito animadas, ele não gosta de pessoa morna. Por exemplo, se ele percebe que o tocador de violão está muito devagar, ele já faz um sinal. Para as coisas de Deus, ele sempre gosta de fazer o melhor, ele não gosta do mais ou menos”, explica.

Homem de oração

Luzia diz que não só conviveu com padre Jonas, mas também foi formada por ele. “A vida dele mostra, ensina. Ele é um homem de oração e escuta contínua, de sensibilidade, de ouvido para Deus”.

Padre Jonas tem uma profunda intimidade com a Palavra de Deus, conta Luzia / Foto: Arquivo Canção Nova

Padre Jonas tem uma profunda intimidade com a Palavra de Deus, conta Luzia / Foto: Arquivo Canção Nova

Ela conta que o sacerdote tem uma profunda intimidade com a Palavra de Deus. Ele lê e relê a Bíblia continuamente. “Um dia eu conversando com ele: padre, essa passagem eu não quero ler, porque eu já conheço. Eu sei que é meu orgulho espiritual de “já li essa passagem”. E ele me disse: e eu tenho esse gozo de já ter lido muitas vezes e pra mim ser como se fosse a primeira vez”.

Luzia afirma que esse contato com a Palavra de Deus, seus momentos de oração na capela e mesmo sua simplicidade de ouvir as pessoas, em todos os acampamentos de oração e em todos os programas religiosos, não só da Canção Nova, e anotar em seu caderno e sua Bíblia as pregações é o que faz a diferença.

“Essa humildade faz com que Deus o encha da força do Espírito Santo para conhecer e ter essa intuição profunda e a palavra de ciência (…) É um homem de intimidade com Deus, e portanto, ele recebe de Deus, como diz a Palavra: ‘o Senhor revela ao seu servo aquilo que Ele quer realizar para salvar os seus filhos'”, explica.

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