Pagar dívidas, impulsionar a economia e opções de investimento são algumas das possibilidades que este dinheiro extra traz
Thiago Coutinho
Da redação
Até o fim de novembro, os trabalhadores receberão a primeira parcela do 13º salário ― uma gratificação que é paga a todos os trabalhadores de carteira assinada. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o Ministério do Trabalho, a economia brasileira receberá uma injeção de R$ 200,5 bilhões até o próximo mês.
Mas a maneira como cada trabalhador aplicará este dinheiro será diferente. “Depende da característica específica de cada unidade familiar”, explica o economista Edson Trajano Vieira.
Uma maneira vantajosa de se utilizar esta renda extra é quitar dívidas, sejam elas com cheque especial ou cartão de crédito. “Para essas pessoas com estes débitos, deve ser primordial utilizar este dinheiro no abatimento dessas dívidas. Aqueles, porém, que não têm dívidas, podem pensar em presentes ou viagens. Mas é interessante que também pensem nas contas de início de ano”, salienta Vieira.
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As tais despesas de início de ano não são poucas: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), matrícula na escola caso tenha filhos, despesas com material escolar são os principais gastos no início do ano. “O dinheiro do 13º pode ajudar a começar o ano com as contas mais equilibradas”, explica o economista.
Dívidas
O terror de muitas famílias brasileiras ainda são as dívidas. A crise econômica que se arrasta há quatro anos tem piorado este quadro. “É interessante destacar que o décimo terceiro para muitas famílias não é suficiente para quitar todas as dívidas”, lamenta Vieira. “A dica para famílias endividadas é priorizar o pagamento dessas contas. Principalmente aquelas com cheque especial ou cartão de crédito, cujas taxas de juro giram em torno de 15% ao mês. É muito elevado”, ensina.
Renegociar estes débitos com o décimo terceiro em mãos também pode ser uma saída para não só quitar essas dívidas, mas criar um fundo de emergência. “O ideal é que as famílias economizem em torno de 15% de seu salário para este fundo”, afirma o economista. “E este momento também pode ser aproveitado para se guardar este dinheiro em algum tipo de aplicação financeira. Se este dinheiro não for utilizado por um período logo, renderá muito mais”, aconselha.
O raciocínio, segundo Vieira, é que uma aplicação, ainda que de pouco rendimento, fará o dinheiro aumentar, ao passe que numa compra parcelada só há gastos. “Todas as vezes que faço uma aplicação, ganho juros. E todas as vezes que compro algo parcelado, pago juros. E nesta compra só quem ganha são os bancos”, diz.
Opções de investimento
Há diversas opções de investimento disponíveis. A mais segura e conhecida de todas continua sendo a caderneta de poupança. “Esta é sempre uma boa opção”, assegura Vieira. “Mas há outras, como compra de títulos do Tesouro, que geram mais rentabilidade que a poupança. Se for um fundo de maior valor, procure outras alternativas. O ideal é conversar com o gerente do seu banco e analisar as opções de investimento disponíveis e, principalmente, se estas aplicações devem ser feitas num prazo maior”.
As aplicações em ações de mercado, de acordo com Vieira, são aplicações de risco. “Estas são aconselháveis para quem quer aplicar num prazo mais longo, de quatro ou cinco anos. Daí pode ser uma alternativa. Se quero, por exemplo, comprar um imóvel daqui a quatro ou cinco anos, esta pode ser mais rentável, embora de maior risco”, assegura.
Bom para a economia
Questionado acerca do impacto da chegada do décimo terceiro, Vieira é taxativo: este dinheiro não é bom apenas para o trabalhador, mas para a economia como um todo. “As vendas de final de ano são maiores não porque as pessoas querem viajar mais ou comprar presentes, mas porque a renda da unidade familiar cresce”, pondera. “Consequentemente, isto contribui para a criação de empregos temporários, vendas maiores, provoca um efeito multiplicador na economia tanto na redução de inadimplência, quanto no aumento do consumo”, finaliza.