Consumo de energia

Horário de Verão: economista comenta redução no consumo de energia

População diverge sobre a medida; economista explica eficácia do horário de verão e pede uso consciente da energia elétrica

Julia Beck
Da redação

Na madrugada deste domingo, 4, os brasileiros deverão adiantar os relógios em 1h/ Foto: Canção Nova/ Daniel Mafra

O horário de verão começa na madrugada deste domingo, 4, trazendo de volta aquela divergência entre a população com relação à preferência – há quem goste e quem não goste do novo horário. Os relógios deverão ser adiantados em 1h.

O economista Reginaldo Marcelo explicou sobre a medida e o porquê dos especialistas defenderem o horário como benéfico para a economia. “Especialistas do setor apontam duas observações: redução no consumo direto e não necessidade de se fazer investimentos em novas unidades de geração e distribuição de energia”, frisou.

Entre a população, os argumentos a favor e contra a medida são baseados no mesmo princípio: a sensação de que o dia tem durabilidade maior. “O dia rende mais, termino o atendimento dos meus pacientes e ainda tenho tempo de fazer mais coisas”, afirmou a fisioterapeuta Nylsemara Freitas. Assim como ela, a jornalista Thalíta Miranda também apontou a demora para anoitecer como um ponto positivo do horário de verão: “É como se o dia rendesse mais. Você chega do trabalho e ainda está claro. Meu psicológico agradece!”

A estudante Julia Rodrigues elencou a segurança como motivo pelo seu gosto pela medida. Para a jovem, por conta da maior duração da luz solar, se locomover torna-se mais seguro. Para a advogada Marisa Bilard, o sol a mantém animada e motivada: “O sol me dá vontade de viver mais coisas durante o dia”.

Diferente dos argumentos anteriores, parte da população que é contra a medida elenca pontos negativos como consequências da medida. “Sinto que perco uma hora de sono toda noite. Meu corpo sente de acordar ‘mais cedo’”, argumentou a contadora Isabela Veiga. A design Priscilla Lorena revelou sua dificuldade de adaptação ao novo horário: “Eu fico muito mais cansada. Demoro para acostumar e quando acostumo muda de novo!”.

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“Me perco toda nos horários, o dia parece gigantesco, ficamos mais cansados e acabamos rendendo menos”, afirmou a vendedora Rose Silva, ao manifestar contrariedade à medida. A profissional de RH, Talita Bernardes, e a radialista, Júlia de Oliveira, apontaram como desfavorável o fato de acordarem sempre às escuras quando o horário está em vigor. “Amo acordar com o sol!”, justificou a primeira. A estudante Ana Julia Pettini mostrou seu descontentamento com a data de vigor da medida neste ano. O horário de verão começará no primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2018: “Perderei uma hora de sono no dia da prova!”.

Para Reginaldo, a opinião popular deve ser levada em conta todas as vezes que a população, de fato, demonstra estar mobilizada para contribuir com melhorias na qualidade de vida e comprometida com o meio ambiente. “Para o caso do horário de verão, verificamos a divergência de opinião muito em função do fato de que o Brasil é um país tropical e tem muita gente que gosta de aproveitar o fim das tardes de verão para lazer. Por outro lado, há quem apresente diferença de humor, por exemplo, por causa do conhecido ‘relógio biológico’ o que leva cerca de 1 a 2 semanas para se adaptar. Não é fácil decidir se é bom ou ruim”, comentou.

A economia

Apesar das várias opiniões, o economista observou que quando se avalia o consumo direto, em 2017, a economia ficou na ordem de R$ 159 milhões e não apresentou a necessidade de investimento em novas unidades. Segundo Reginaldo, se fosse preciso investimento, seria algo em torno de R$ 7 bilhões, segundo o governo, para impulsionar as termelétricas.

O reflexo da medida na vida dos brasileiros é, de acordo com Reginaldo, diretamente ligado às consequências da economia na geração/distribuição. “Nos casos em que o governo faz uso das termelétricas, o preço da energia sai muito maior. Portanto, não estamos falando, especificamente de redução no consumo, mas sim, de uma melhor distribuição do consumo, diminuindo o impacto de horários de pico, o que evita a cobrança de tarifas mais caras”, apontou.

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O verão e a conscientização

O rigor do verão brasileiro e o desenvolvimento econômico alcançado nas últimas décadas, independentemente do horário de verão, interferem diretamente no consumo de energia, segundo o economista. Os equipamentos de refrigeração (ar-condicionado), cada vez mais usados pela população, são indicados por Reginaldo como fator que afeta diretamente no consumo.

“O que mais preocupa nesse momento é que a economia brasileira está em um estado bem degradado e, de acordo com projeções, o Brasil não daria conta de atender às necessidades de energia elétrica sem fazer uso das termelétricas caso a economia estivesse a todo vapor”, alertou.

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O uso consciente da energia elétrica deve ser, segundo o economista, a principal ferramenta de economia para o brasileiro. “Existem muitas opções para melhorar a eficiência no seu uso, mas nada supera o comportamento responsável, ou seja, só consuma o necessário e utilize equipamentos que tenham o melhor desempenho energético. Equipamentos que tenham classificação ‘A’ no selo Procel, por exemplo”, indicou.

“Não é o horário de verão que efetivamente vai melhorar a nossa qualidade de vida. É como nos comportamos que faz a diferença. Vale lembrar que a maior parte da energia elétrica que utilizamos vem de usinas hidrelétricas e que, no verão, o nível das barragens diminui consideravelmente por causa do calor. Temos que ter em mente: Consumo Responsável, Sempre!”, concluiu.

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