Organizando os gastos

Especialistas dão dicas de planejamento orçamentário para o início de ano

Colocar no papel as receitas e despesas é um dos primeiros passos para organizar o orçamento 

Thiago Coutinho 
Da redação

Organização financeira é passo chave para controlar os gastos de início de ano / Foto: Daniel Mafra

Começa nesta terça-feira, 9, o calendário de pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), uma das despesas que costuma apertar o orçamento no início de ano. Mas é possível manter as contas em dia seguindo alguns princípios básicos de organização orçamentária.

O início de ano costuma ser o mais penoso financeiramente: são impostos como IPTU e IPVA; para quem tem filhos ou está estudando, há as matrículas escolares; além do reajuste anual no aluguel da casa. A saída mais segura para os citados tributos, por exemplo, é o pagamento à vista. “É mais vantajoso, pois é garantia de bons descontos que geralmente superam os rendimentos de aplicações”, afirma o economista José Augusto Paes Deccache.

O primeiro passo para se educar uma vida financeira é preparar uma planilha e separar o quanto há de receita e o quanto será gasto naquele mês. “Coloque num papel o quanto você ganha e o quanto você gasta. Separe os gastos fixos, como contas de água, luz, aluguel”, explica o consultor financeiro José Benedito Cardoso.

Em seguida, é preciso identificar as despesas desnecessárias, pois são estas que vão consumir grande parte da receita. “O grande vilão de seus gastos são os supérfluos: cinema, happy hour, restaurante. Tudo isto o coloca num abismo financeiro”, adverte o consultor financeiro.

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Outra dica importante é aproveitar o 13º salário e não gastá-lo totalmente. “Ao receber seu 13º, faça uma reserva. Ou então faça uma poupança ao longo do ano. Não gaste tudo com viagens de fim de ano ou festas, o segredo é saber se planejar”, afirma José Benedito.

Outro vilão que costuma desestabilizar as finanças é o cartão de crédito. Se for imprescindível utilizá-lo, evitar a qualquer custo pagar o valor mínimo da fatura. O ideal é procurar sempre quitar cada uma das parcelas para não cair no efeito “bola de neve”.

Se, entretanto, já houver uma dívida com o cartão, há maneiras mais vantajosas para o consumidor se livrar dela. “O único remédio nesta situação é procurar o banco e tentar uma linha de crédito com menos juros, como o empréstimo consignado, por exemplo, e saldar a dívida o quanto antes”, adverte Cardoso.

O ideal é que esta renegociação caiba no bolso de forma que seja possível para a pessoa arcar com as parcelas. “Não adianta pagar apenas uma parcela e não honrar o restante. Faça uma renegociação com seu credor que possa ser saldada. Mas se tem dinheiro no bolso, chore e barganhe. Negocie e pague à vista”, aconselha José Benedito.

A estudante carioca Marcelle Cruz da Costa anota todas as despesas do mês e tem uma premissa para quem quer economizar: nunca gastar mais da metade daquilo que recebe. “Deixo tudo anotado, todas as despesas do mês, muitas vezes pago até adiantado. E nunca me endivido com mais da metade do que ganho, porque sempre guardo uma parte para o lazer e alguma possível emergência”, explica Marcelle.

Atacado ou varejo?

As compras do mês representam uma grande parte do orçamento doméstico. E os supermercados atacadistas se tornaram comuns hoje em dia. Muitas pessoas fazem essas compras apenas nestes estabelecimentos.

Comprar em grandes quantidades pode trazer vantagens se comparado às compras no varejo. Alguns pontos, porém, devem ser levados em conta. “Prefira comprar em quantidade os produtos de maior durabilidade (limpeza, higiene e não perecíveis). Analise a média de consumo de sua família para não exagerar. E fique atento às datas de validades de todos os produtos, para evitar desperdícios”, esclarece o economista José Augusto.

A pesquisa de preços, que sempre variam muito de um lugar para o outro, é primordial. “Os atacadistas até têm um preço mais atraente, mas não importa se é no atacado ou no varejo, o que importa é pesquisar”, adverte o consultor José Benedito.

Economizar uma parte

Outro hábito comum, mas pouco colocado em prática, é guardar uma parte do salário. O ideal seria manter intacto na conta 30% da renda mensal. Em tempos de recessão, no entanto, isto pode ser tornar um tanto quanto difícil. “A economia está se reequilibrando agora, temos uma perspectiva melhor para 2018. Mas em épocas de vacas magras, guarde 10% do que ganha, já está ótimo. Há pessoas que não guardam nem isto”, previne o consultor.

A economia pode valer a pena. Para quem ganha um salário de R$ 2 mil, por exemplo, e economiza mensalmente 10% do que ganha, ao final de 12 meses terá R$ 2.400,00.

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