Alerta

Dia de combate à hipertensão: cardiologista explica riscos e como prevenir

Infarto e AVC são duas das doenças que mais matam no país; prevenção pode diminuir este número

Thiago Coutinho
Da Redação

Hábitos saudáveis podem evitar problemas com pressão alta / Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

Nesta quinta-feira, 26, celebra-se o Dia Nacional de Combate à Hipertensão. Atualmente, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, Cardiologia e Nefrologia, são 350 mil vítimas anuais de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais — AVC. Trata-se de um número alto que mostra que os brasileiros precisam se cuidar mais. 

“São doenças que matam mais que o câncer”, afirma o cardiologista Eurico de Figueiredo Freitas. “Junto com o cigarro e o colesterol alto, além de diabetes e histórico familiar, temos este número elevado e as maiores causas de morte no Brasil”. 

O combate ao sedentarismo começa com hábitos cotidianos. Ter uma dieta balanceada e evitar o sedentarismo são duas medidas com que pessoas com algum tipo de tendência a doenças cardiovasculares devem se preocupar. “O indivíduo que faz alguma atividade física e tem hipertensão arterial, com atividades físicas ele consegue baixar em 10% o valor de sua hipertensão”, explica o cardiologista. 

A prática de atividades físicas de forma regular pode ser muito mais benéfica do que se imagina. Segundo o médico, hipertensos num grau moderado que passem a praticar exercícios podem até normalizar a pressão arterial. “Podemos conseguir até tirar o remédio, praticar atividade física é fundamental, não para evitar hipertensão mas infartos também”, afirma. 

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A Sociedade de Cardiologia ressalta, com base numa pesquisa divulgada pelo periódico científico Circulation, que para reverter este risco cardíaco causado por décadas de sedentarismo, o comprometimento do paciente deve ser de longo prazo: praticar exercícios aeróbicos de quatro a cinco vezes por semana, durante dois anos. 

O excesso de sal na comida também representa um fator de risco para quem é hipertenso ou apresenta predisposição a desenvolver a doença. “Em média, o brasileiro usa 12 gramas de sal na comida por dia e, na verdade, deveria ser 5 gramas”, diz doutor Eurico. “Evitar alimentos enlatados, embutidos, sucos industrializados. As pessoas chegam para mim e dizem: ‘ah, eu como sal normal’, mas o normal do brasileiro é muito alto, isto é um cuidado que precisamos ter”, acrescenta. 

Sintomas

Cerca de 80% dos hipertensos são sintomáticos e apresentam dores de cabeça, que geralmente acontecem no período matinal, e fortes crises de tontura que o desequilibram. “São os dois sintomas mais comuns, mas pode também apresentar visão turva, chiados no ouvido e, às vezes, um pouco de enjoo”, esclarece o cardiologista. 

Mas os 20% restantes são assintomáticos, um grupo que requer ainda mais atenção. “Trata-se de um grupo perigoso. É aquele indivíduo que acha que não tem nada e só fica sabendo que tem a pressão alta quando algum dia vai aferi-la”, alerta doutor Eugênio. “Como eles não sentem nada, não vão ao médico. Precisam ter este cuidado”. 

A hipertensão, quando não tratada de maneira correta, pode apresentar problemas em outras partes do corpo — como nos rins, por exemplo. “Você pode ter uma insuficiência renal crônica por causa da hipertensão, você pode dissecar a aorta [a artéria mais importante do sistema circulatório humano] e isto pode levar à morte”, adverte. 

Periodicidade de consultas

Para o cardiologista, a periodicidade na visita ao médico deve começar a partir dos 35 anos de idade. “É quando o paciente começa ser candidato a ter algum problema”, avisa. “Agora, aquele indivíduo que não tem fatores históricos, casos na família, esses podem ser checados mais tarde. Mas, em média, recomendamos que as pessoas a partir dos 35 anos façam algum tipo de avaliação clínica”, reitera. 

Julio Menezes descobriu há dois anos ser hipertenso numa dessas visitas rotineiras ao cardiologista. “Ao fazer meus exames de rotina, o médico detectou tanto o início da depressão quanto da hipertensão”, relata Menezes, “Hoje tomo remédio diariamente, faço caminhadas e tenho uma alimentação balanceada, tento evitar gordura. Hoje procuro me cuidar para não poder ter um AVC”.

Quando há casos na família — a hereditariedade — é importante que as visitas ao cardiologista sejam mais recorrentes. Assim, quaisquer alterações podem ser detectadas de forma precoce e combatidas a tempo. “Outros pacientes que, por exemplo, são diabéticos desde os 20 anos de idade, estes precisam de um cuidado maior e devem ser avaliados numa idade precoce”, finaliza. 

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