Segundo pesquisa do Pnud, apenas três em cada dez brasileiros praticam atividades físicas com regularidade
Thiago Coutinho,
Da redação
Das inúmeras promessas de início de ano que serão feitas, praticar exercícios físicos e ter uma vida mais saudável é uma das mais comuns. Mas entre os brasileiros, esse cuidado com o corpo e a saúde ainda parece ser um ponto desafiador: segundo pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), somente três em cada dez brasileiros praticam atividade física.
Ainda segundo a pesquisa, os homens praticam mais exercícios do que as mulheres: são 42,7% contra 33,4%. Em termos de geografia, Alagoas é o estado em que as pessoas menos praticam exercícios físicos (29,4%) e o Distrito Federal é onde a população mais se preocupa com os cuidados com o corpo (50,4%).
Promover a manutenção da saúde, e não apenas o tratamento e a prevenção de doenças ― motivo pelo qual muitas pessoas resolvem se exercitar ― deveria ser a premissa para quem quer começar a se dedicar às práticas esportivas. Por que, então, é tão difícil fazer as pessoas investirem no cuidado com o corpo?
“Infelizmente, uma parcela das pessoas que iniciam os exercícios físicos e logo deixam de praticá-los são aquelas que começam devido a alguma patologia e o médico acaba indicando a prática. Quando a pessoa procura se exercitar por uma melhor qualidade de vida, dificilmente deixa de praticá-los”, explica o educador físico Sérgio Augusto Ribeiro.
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O nível de consciência com relação à importância de se exercitar, segundo o relatório do Pnud, pode variar de acordo com a escolaridade e o nível socioeconômico das pessoas. “Quanto mais instrução, mais consciência sobre a importância da prática de exercícios físicos. Campanhas nas escolas com crianças e seus familiares sobre a importância e os benefícios dos exercícios seria uma solução para atingir grande parte da população”, adverte o educador físico.
Tecnologia
As tecnologias desenvolvidas pelo homem para ajudá-lo em seu dia a dia têm um efeito antagônico quando usadas em excesso. A dependência que se cria de computadores e o uso excessivo de meios de transporte como carros e motos, por exemplo, pode fazer com que o sedentarismo se torne presente de forma mais acentuada no cotidiano.
O educador físico alerta para um tipo de sedentarismo grave nos dias atuais. Antigamente, as pessoas viviam em um cotidiano que incluía trabalhos manuais. Além disto, andavam, subiam escadas e se movimentavam. Mas isto mudou. “Hoje o sedentário, além de não ter uma rotina de exercícios, é incapaz de realizar atividades do cotidiano sem se cansar, como, por exemplo, atravessar a passos rápidos em uma faixa de pedestre ou subir lances de escadas. Estas atividades já causam, mudanças na respiração e no ritmo cardíaco”, reitera.
Outro erro muito comum é praticar exercícios apenas durante uma determinada estação do ano. “Gosto de pensar na rotina de exercícios físicos como hábito de saúde. Procurar os exercícios apenas em uma estação do ano podem não trazer todos os benefícios que eles podem nos proporcionar”, alerta Sérgio.
Exercícios sem dieta alimentar não funcionam
É fato que passar horas dentro de uma academia praticando os mais variados tipos de exercícios não trará resultados satisfatórios se não houver uma dieta balanceada. “Não existem fórmulas milagrosas para o emagrecimento ou para o ganho de peso corporal”, afirma a nutricionista Deliane Fieto Batista.
A regra para se manter o corpo em dia é bem simples: as atividades físicas devem corresponder ao consumo energético. Nem mais, nem menos. “O peso corporal recomendável é um resultado da combinação de uma dieta saudável e de um estilo de vida fisicamente ativo, o que torna as dietas e a prática de atividades físicas importantes mecanismos de controle”, salienta a nutricionista.
A jornalista Daniela Gonçalves é um bom exemplo deste quadro. Depois de inúmeras tentativas de dietas, tratamentos e afins, somente quando se dedicou com afinco aos exercícios físicos dentro de uma rotina e estabeleceu uma dieta apropriada seu peso diminuiu drasticamente. “Meu marido é atleta, joga basquete. E ele sempre me pedia para fazer alguma atividade física. Procurei um personal aqui perto da minha casa e ele me passava a dieta e o treino. Em um ano, perdi 12 quilos”, relembra.
A jornada para perder peso, porém, pode ter altos e baixos. Insistir é essencial até que o corpo se acostume com os novos hábitos alimentares e físicos. “Deixei de treinar por quatro meses e ganhei tudo novamente. Em fevereiro deste ano, comecei a seguir um programa alimentar e a fazer crossfit [programa de treinamento e condicionamento físico de alto impacto e de alta intensidade] cinco vezes por semana. Desde então, já perdi 14 quilos. Isto mudou a minha vida. Aprendi a comer bem, administrar os alimentos e entendi que unir alimentação e exercício físico é primordial”, relata Daniela.
Um dado interessante da pesquisa é que os homens praticam atividades físicas 28% a mais do que as mulheres. Isto não significa, porém, que a dieta de homens e mulheres implique diferenças. “As mulheres são mais propensas ao acúmulo de gordura do que os homens, têm menos massa muscular do que eles e ainda têm deficiência de ferro e cálcio ao longo dos anos”, esclarece. “Entretanto, na prática não existe tanta diferença. Na minha clínica percebo que mulheres consomem mais frutas e vegetais e os homens, mais feijão e ovos”.
Dicas para o verão
É nesta época do ano que todos correm às academias para tentar recuperar os excessos consumidos em guloseimas e comidas calóricas. E não são todos os alimentos que podem ser ingeridos sem preocupação. O corpo, no verão, pede mais água. Portanto, o primeiro cuidado a ser tomado é com a hidratação.
Deve-se evitar, por exemplo, bebidas gaseificadas como refrigerantes e álcool. O refrigerante por conta do excesso de açúcar, que não ajudará na dieta e ainda menos na hidratação. O álcool, por sua vez, tem um efeito diurético e, para eliminá-lo, o corpo precisará de ainda mais água. “A orientação é que para cada dose de destilado ou dose de bebida fermentada, devem ser consumidos dois copos de água”, explica a nutricionista.
Unindo a preocupação com hidratação e ganho de peso, há outros alimentos que são ricos em águas e sais minerais e que, em geral, são nutritivos e pouco calóricos: rabanete cru, melancia, melão, maçã, pera, tomate, cenoura, couve-flor e abacaxi são os principais. “É bom lembrar que hidratação se faz necessário diariamente, independente da época do ano”, alerta Deliane.
O preparo dos alimentos no verão também é algo a se atentar. São indicados alimentos grelhados, sanduíches frios e com muitos vegetais e cereais integrais, pois saciam e não deixam aquela sensação de estufamento. “Evitar alimentos gordurosos, como embutidos, queijos amarelos e frituras, pois eles retardam a digestão”, acrescenta.