Frei Francesco Patton refletiu sobre a audiência desta segunda-feira, 3, que reuniu o Papa Francisco e o presidente do Estado da Palestina
Da redação, com Vatican News
Em Jerusalém, o Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, refletiu sobre a audiência realizada no Vaticano nesta segunda-feira, 3, que reuniu o Papa Francisco e o presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas. Para o franciscano, o sinal que Abbas quer dar ao Ocidente e ao Papa é que os Estados Unidos não são mais suficientes para alcançar a paz no Oriente Médio, e que não podem ser os únicos mediadores da paz.
Para Frei Francesco Patton, após anos sem passos significativos, o chamado projeto dos dois Estados, liderado pelos Estados Unidos, corre o risco de evaporar gradualmente. “É um projeto que parece estar continuamente desgastado pela mudança de cenário e, por isso, acho que a mensagem do Presidente Abu Mazen é acima de tudo, diria, um grito de sofrimento. Reflete a situação que vive a grande maioria dos palestinos, que de alguma forma sente que o sonho de ter uma pátria, de ter um Estado não está ao alcance. Então, mais do que uma declaração política, talvez seja uma declaração de um fato, de um sofrimento que é o sofrimento de um povo inteiro”, revelou o franciscano.
O Custódio da Terra Santa afirmou que o trabalho de mediação da paz no Oriente Médio é uma tarefa da comunidade internacional, principalmente das grandes nações como Estados Unidos, Rússia e União Europeia. Contudo, Frei Patton frisou que é tarefa das duas realidades, da classe política palestina e da classe política israelense, encontrar uma maneira de realmente sentarem-se em torno de uma mesa e retomar o diálogo.
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“Enquanto não houver sequer uma retomada do diálogo entre os dois interessados será difícil avançar. Não pode ser uma solução simplesmente proposta ou imposta de cima. Deve ser uma solução que veja os dois povos – a classe política dos dois povos – diretamente envolvidos. Que seja capaz efetivamente de promover o diálogo, sabendo que, para alcançar resultados, ambos devem ter uma abertura para a confiança mútua, uma linguagem que seja respeitosa, uma série de atitudes em que cada um esteja disposto a ceder algo em troca de receber algo”, opinou o franciscano.
Sobre o tempo do Advento, Frei Patton contou como a população oriental vive a espera pelo Natal: “Em Belém o Natal é vivido de maneira forte desde o início do Advento, por isso os cristãos locais podem de certa maneira deixar de lado todas as dificuldades que enfrentam. Na verdade, em Belém é um pouco mais difícil porque é uma realidade em que os cristãos vivem cercados pelo muro que pesa no dia a dia. Somente cristãos que vivem em Gaza estão em um contexto mais difícil do que os de Belém. Para os cristãos que vivem em outras comunidades aqui na Terra Santa, é claro que há sempre o desejo de esperança. Muitos questionam explicitamente: ‘Nós rezamos muito, desejamos muito, pedimos muito, mas nunca vemos o fim dessa situação em que somos a parte frágil’.
O momento após a oração do Angelus deste domingo, 2, em que o Papa Francisco aderiu à campanha natalina de oração, ajuda e solidariedade pela paz na Síria, foi recordado pelo franciscano: “A proximidade do Papa é sentida de maneira direta e muito forte. Principalmente pelos nossos confrades que vivem na Síria em situação de martírio, especialmente os da região de Idlib”, contou. O Custódio da Terra Santa continuou, contando sobre o que os cristãos vivem no Oriente: “Eles vivem sob pressão diária do Jabhat al-Nusra, que é a evolução de Al Qaeda. Vivem humilhações diárias e permanecem lá para acompanhar as poucas centenas de cristãos deixados para trás num vale que anteriormente tinha alguns milhares de cristãos”.