Celebração aconteceu em Queluz, interior de SP, no local exato onde o Monsenhor Jonas Abib fez o apelo que deu início à Canção Nova
Julia Beck
Da redação
A Comunidade Canção Nova se prepara para comemorar, em 2018, 40 anos da sua fundação. O momento mais importante será em 2 de fevereiro, data em que se celebra o nascimento da Canção Nova, mas neste domingo, 26, já foi recordado um momento especial em sua história: na celebração de Cristo Rei, os 40 anos do chamado.
Na casa de formação inicial, “Casa de Maria”, em Queluz, interior de São Paulo – local exato onde ocorreu o chamado –, lê-se a frase do Monsenhor Jonas Abib aos jovens da renovação carismática, que deu início à Comunidade Canção Nova: “Quem quer dar um ano da vida para Deus, para viver em comunidade e fazer o que eu faço com vocês?”.
Padre Arlon Cristian, membro da Comunidade Canção Nova, foi quem presidiu a celebração eucarística que contou com a presença de seis dos vários jovens que estavam naquele mesmo local, há 40 anos, e que ouviram o apelo do, na época, padre Jonas. Fernanda Lúcia, José Expedito, Maria José, Mario Fabri, Ana Lúcia e Maria de Fátima se emocionaram ao relembrar as decisões tomadas, arrecadações para a fundação da obra, início da rádio e de toda a comunidade.
“Nessa sala, Deus começou a falar com os seus anjos através de um homem, para fazer o apelo e viver em comunidade (…). Naquele momento nasceu o carisma Canção Nova, o carisma Canção Nova foi colocado no ventre de Maria. (…) Naquele dia, naquele momento, aquelas pessoas se levantaram e falaram como Maria: ‘Eis aqui a serva, o servo do Senhor’”, relatou padre Arlon.
Quarenta anos após a data, o sacerdote relembrou a importância do dia do chamado ser celebrado na festa de Cristo Rei, instituída pelo Papa Pio XI em 1925 para reforçar que Jesus não era apenas rei dos céus, mas da terra também. Padre Arlon frisou a presença de Maria, desde o princípio da comunidade – dando nome à primeira casa da Canção Nova –, e na festividade deste domingo, que ocorreu no ano de 2017, em que a Igreja comemorou os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
“Maria colocou aquelas pessoas [presentes no dia do chamado] em seu ventre. Maria coloca todo mundo em seu ventre: amigo, colaborador, voluntário, núcleo segundo elo, engajado, cozinheiro, tudo fica dentro do ventre da mesma mãe. Por que a mesma mãe? Porque o Rei tem uma mãe, Maria, rainha, mãe do Rei”, ressaltou o sacerdote.
Sobre o crescimento da comunidade ao longo do tempo e o seu trabalho de evangelização local, nacional e mundial, padre Arlon afirmou ser impossível ter a dimensão de quantas pessoas foram tocadas pelo carisma Canção Nova, e que o próprio Monsenhor Jonas, há 40 anos, não tinha dimensão da proporção a que a obra chegaria. “Um dia perguntei a ele se ele tinha noção daquele dia, de hoje, e ele respondeu: ‘Se eu tivesse noção eu não faria, eu teria muito medo’”, afirmou.
Testemunho do chamado
Ao ouvirem a frase proferida por Monsenhor Jonas Abib no dia 20 de novembro de 1977, dos jovens presentes em Queluz, doze responderam sim ao questionamento. Mesmo não atendendo ao chamado, Fernanda Lúcia, José Expedito, Maria José, Mario Fabri, Ana Lúcia e Maria de Fátima seguiram suas vocações fora da Comunidade Canção Nova, porém auxiliando no crescimento e edificação da obra.
Saudosos e com experiências distintas de fé e serviço dentro da Igreja, os seis tiveram a oportunidade de dividir seus sentimentos e histórias em um espaço aberto durante a homilia.
“É uma grande alegria, muita emoção. Tive a graça desse chamado e de estar presente neste dia. Hoje, 40 anos depois, vemos que Deus é fiel, justo e não nos abandona. (…) É muito emocionante, porque nós tão jovens não fazíamos ideia da grandeza do reino de Deus. Hoje casada (…), seguimos, nada nos faltou, dificuldades passamos, mas o Senhor sempre esteve conosco”, relatou Fernanda Lúcia.
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José Expedito, casado com Fernanda, comentou como foi o discernimento diante do chamado de Monsenhor Jonas. Na época, ele e Fernanda tinham acabado de começar a namorar e o chamado foi tão forte que eles balançaram. “Eu fiquei ‘meu Deus o Senhor acaba de me chamar para o matrimônio e agora me chama para dar a vida e largar tudo, eu não estou entendendo’. Na conversa pessoal com o padre Jonas, depois, coloquei este dilema (…), e ele disse: ‘Fique com o primeiro chamado, Deus não é de confusão’. Então fiquei com o primeiro chamado”, contou.
Mário Fabri, quem doou o terreno onde foi erguida a “Casa de Maria”, primeira casa da Canção Nova, relembrou como a comunidade começou a estruturar-se. “Padre Jonas começou com a gente muito antes da casa, ele apareceu procurando um lugar (…). Um dia perguntei a ele: ‘Padre o senhor está procurando um lugar? Eu sou dono de uma fazenda, procure o lugar que o senhor quer, escolha, (…) e veja o lugar que o senhor quer’ (…). Foi então que eles escolheram aqui, lançamos a pedra fundamental (…) e começamos a construir”, afirmou. Esposa de Mário, Maria José recordou como foi a união dos jovens para os encontros e erguimento da Canção Nova. “Era uma delícia, uma convivência maravilhosa”, comentou.
“A gente não imaginava que o padre Jonas estava assumindo essa maravilha que vem de Deus”, foi o que disse Ana Lúcia, conhecida por Bilú. Maria de Fátima disse que no momento do chamado ela não compreendeu as palavras do monsenhor e por isso não se levantou. “Hoje entendo que o chamado continua, tudo que fizemos em nossa vida foi para completar esta obra”, afirmou.
Após os relatos, padre Arlon concluiu a homilia valorizando a importância de cada jovem da época para a história da Canção Nova. “Quando uma pessoa trabalha na construção de um hospital, ela não tem noção de quantas pessoas serão salvas no futuro, naquelas salas. Sem vocês o hospital não estaria pronto, não haveria leitos, não haveria macas, só que ninguém lembra, quando o hospital está pronto, de quem trabalhou na construção dele. (…) Quantas pessoas tiveram um encontro pessoal com Jesus nessa sala, quantas pessoas em 40 anos chegaram aqui pra acabar o casamento, drogados, bêbados e saíram daqui outros homens porque vocês estavam aqui, nas bases”, concluiu.