De 28 a 30 de agosto

Comissão Especial estuda Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia

Bispos, padres e leigos estão reunidos em Belém (PA) para assembleia que estuda Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia

Da redação

Cerimônia de abertura da Assembleia de Estudo do Instumento Laboris do Sínodo para a Amazônia/ Foto: Leonardo Monteiro – CNBB Regional Norte 2

Nesta quarta-feira, 28, iniciou em Icoaraci – Belém (PA), a Assembleia de Estudo do Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia que será realizado de 6 a 27 de outubro. O evento reunirá até sexta-feira, 30, membros dos regionais Oeste 2, Nordeste 5, Noroeste, Norte 1, Norte 2 e Norte 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), além de bispos e padres da Itália, Colômbia e Peru; e representantes da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam Brasil).

O relator-geral do Sínodo para a Amazônia e presidente da Repam, Repam Brasil e da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, auxiliará no estudo do documento preparatório para o sínodo apoiado pelos secretários especiais, Dom David Martinez de Aguirre Guiné – bispo de Puerto Maldonado, no Peru; e padre Michael Czerny, SJ – subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados para o Serviço de Desenvolvimento Integral Humano.

Dom Alberto Taveira – arcebispo metropolitana de Belém –, Dom Bernardo Bahlmann – bispo de Óbidos e presidente do regional norte 2 da CNBB –, e Dom Walmor de Oliveira – arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB –, também participam do estudo, assim como a vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé, Cristiane Murray, e o pastor Inácio Lemke, presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

A realização da assembleia na Arquidiocese de Belém recorda que a igreja local é a mãe de toda a Amazônia. “Ela [Arquidiocese de Belém] foi a primeira diocese e paróquia de toda essa região”, recordou Dom Cláudio durante a cerimônia de abertura do evento. Segundo o cardeal diante da proximidade do Sínodo para Amazônia, o tema despertou o interesse do mundo para a região. “O Espírito Santo também usa essa circunstância (…) para projetar a importância desse nosso sínodo”, frisou.

Dom Cláudio retomou o percurso preparatório do sínodo, que foi marcado pela consulta, escuta e recolhimento. “Esse processo foi algo extraordinário. A escuta foi algo muito importante. O povo se sentiu ouvido, dignificado”, destacou. Segundo o cardeal, todos que foram ouvidos estão esperando os resultados para continuarem esse processo sinodal. “Sinodal significa aproximar-se e caminhar junto, respeitando as diferenças”, completou. Dom Cláudio reforçou que, a partir da escuta, o Instumento Laboris – documento de trabalho – foi elaborado pelo conselho pré sinodal.

A Assembleia de Estudo do Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia está sendo realizada em todos os países que se preparam para o Sínodo, de acordo com Dom Cláudio. O evento é, para o cardeal, uma oportunidade do mundo compreender que a Amazônia é determinante para o futuro.

Dom Alberto Taveira, bispo anfitrião do evento, destacou que a Arquidiocese de Belém acolhe com grande alegria os bispos da amazônia e todas as pessoas envolvidas na realização do encontro que antecede a Assembleia Especial dos Bispos. “Agradecemos a Deus porque aqui mesmo, em Belém, há alguns anos, bispos da amazônia legal brasileira elaboraram uma carta que sabemos ter sido decisiva para a resposta do Santo Padre, o Papa Francisco, de realizar a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia”.

“Agora, mais uma vez em Belém, acontece essa última reunião com a valiosa presença de pessoas envolvidas no processo sinodal. Com certeza os padres sinodais poderão usufruir de todo o processo amplamente vivido nos últimos meses. (…) Quero acolher a todos em nome dessa casa com muita alegria. Nossa Arquidiocese os acompanha com oração”, concluiu Dom Alberto.

O bispo de Óbidos, Dom Bernardo, também saudou os bispos presentes na assembleia em nome do regional norte 2 da CNBB e desejou: “Que esses dias possam ser dias de diálogo e comunhão. (..) Que nossa caminhada possa ser iluminada em favor sempre do povo, da nossa amazônia e da criação”.

Como presidente da CNBB, Dom Walmor destacou a importância da conferência acompanhar o caminho sinodal realizado pela Igreja no Brasil. Para o bispo, a missão da assembleia é abrir o coração da igreja e da sociedade civil para a importância dos temas que serão tratados no sínodo. “O que queremos não é apenas realizar um evento, mas dar passos novos e por isso precisamos ajudar na superação e tratamento adequado dos muitos ruídos e incompreensões, para que haja uma repercussão muito boa do que se trata e do que se tratará durante o sínodo e daquilo que virá na exortação pós-sinodal”.

“O Sínodo da Amazônia toca tudo que a Igreja precisa para sair da inércia. Ilumina as sombras e dá a possibilidade de um impulso novo. Toca a Igreja de toda a amazônia, do Brasil e do mundo. (…) É uma oportunidade de um novo tempo e de um novo caminho, um caminho fecundo. (…) A Igreja precisa dar esse novo passo”, sublinhou o presidente da CNBB.

Dom David, bispo de Puerto Maldonado, falou da alegria de poder estar no Brasil e compartilhar com os bispos brasileiros esta experiência sinodal. “Teremos a oportunidade, com esse sínodo, de ajudar nossos povos a viverem esta realidade que é a Amazônia. Sou grato por participar desse projeto e poder estar aqui vivendo este importante acontecimento para a Amazônia”.

“No primeiro Pentecostes os apóstolos não falaram todos os idiomas, eles falaram no único idioma que podiam, porém, todos os presentes escutavam e entendiam suas palavras em suas próprias línguas, culturas e modos de ser. Essa é a imagem que traduz o sínodo. Falaremos em uma língua, porém outros entenderão e isso será uma experiência de comunhão e caminhada”, apontou o padre italiano Michael, que pediu: “Ver juntos, escutar juntos e começar a caminhar juntos”.

A vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé, Cristiane, aproveitou a oportunidade para completar a fala de Dom Walmor: “Que consigamos comunicar ao mundo a importância da presença da Igreja na Amazônia. Escutamos muitos questionamentos: o que a Igreja tem a ver com a Amazônia? Porque fazer um Sínodo sobre a Amazônia? Há pessoas que ainda não conseguem entender o que a Igreja tem a ver com isso. É muito importante que consigamos passar isso, o que a Igreja está fazendo é o que pode ainda fazer. O Papa explicará ao mundo a importância deste Sínodo”.

Por fim, o presidente do Conic, pastor Inácio, reafirmou sua proximidade com a região amazônica. “Meu coração está nessa região”, destacou. “Deus está chamando e convocando as Igrejas para serem vozes nessa casa comum. (…) Daremos mais um passo nessa caminhada de colocar a Amazônia no centro de nossas Igrejas, estamos sendo convocados para sermos a voz desse povo. Estou curioso, alegre e honrado de poder divulgar e levar a diante este tema nas várias igrejas”, concluiu.

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