Após tragédia

Equipe de padres apoia vítimas dos ataques terroristas no Sri Lanka

Padre Prasad Harshan explica como equipe de “animação na fé” apoia os que ficaram traumatizados após os ataques contra igrejas no Sri Lanka

Da redação, com ACN

Católicos do Sri Lanka/ Foto: ACN

Aproximadamente quatro meses após os ataques contra três igrejas cristãs no Sri Lanka, no Domingo de Páscoa, padre Prasad Harshan explica como apoia, com sua equipe de “animação na fé”, os que ficaram traumatizados. “Nosso Cardeal Malcolm Ranjith queria ter missionários nas ruas, ir de paróquia em paróquia, de rua em rua, ouvir as pessoas em suas casas, ouvir suas histórias e ficar ao lado deles conforme viviam suas lutas de fé. Nós já começamos isso há três anos. Agora, isso se tornou uma bênção para lidar com essa tragédia; uma bênção para a Igreja e para o povo”, comentou.

Cinco padres trabalham com as vítimas do terror. “Nós somos particularmente ativos em Negombo, onde 115 pessoas foram assassinadas e mais de 280 feridas em uma única paróquia. Em todos os lugares, vemos bandeiras negras de luto. As pessoas estão feridas, fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Vemos como as pessoas foram feridas em sua fé e em sua vida religiosa. Em 30 anos de guerra civil, nunca tivemos tais ataques a bomba nas igrejas. As pessoas estão se perguntando por que isso aconteceu? E por que na Páscoa?”, revelou o sacerdote.

Padre Prasad Harshan/ Foto: ACN

Segundo padre Prasad Harshan, em princípio, após o atentado, as pessoas ficaram chocadas e se perguntavam: “Como Deus poderia ter permitido isso em sua própria casa?”.  “Nós, sacerdotes, estávamos determinados a permanecer ao lado das pessoas, embora não tivéssemos respostas para dar. Nós estávamos com eles em suas casas. Queríamos mostrar-lhes que Deus permanece com eles. Depois do choque veio a raiva. Especialmente quando souberam que o governo recebera avisos antecipadamente. As pessoas tiveram que lutar com seus sentimentos. Aqui, o apelo do cardeal para ser guiado pela fé e não pelas emoções desempenhou um grande papel”, relatou.

O trabalho pastoral realizado pela Igreja local tem se destacado com as crianças. “[As crianças] estão com medo de ir à igreja ou à catequese novamente”, explicou o sacerdote.  Padre Prasad Harshan afirma que há 475 anos, um rei hindu assassinou 600 cristãos no norte do Sri Lanka e, a partir deste fato, os sacerdotes estão levando as famílias das vítimas para os lugares de memória desses mártires no norte: “Aqueles que morreram no domingo de Páscoa são mártires, porque perderam a vida pela fé. Através dessa visita aos primeiros mártires, procuramos curar as feridas das famílias. As pessoas que foram feridas ou viúvas na guerra civil também falam com elas, encorajam-nas e dão testemunho de sua fé em Deus”.

Para aqueles que foram diretamente afetados, as feridas permanecem, contou o sacerdote. A tragédia serviu, segundo padre Prasad Harshan, para “batizar o país com sangue”. “Há batismo com água e batismo com sangue. De repente, todo o nosso país ficou ciente da presença dos católicos e da natureza especial de sua fé. No passado, cerca de 4.000 pessoas assistiram à mensagem em vídeo do cardeal. Agora existem centenas de milhares. Eles querem ver o que ele pensa. Nós vimos o verdadeiro significado da Páscoa!Mas começou com os corpos dilacerados, com o sangue dos mártires”, pontuou.

Sobre a relação entre budistas e católicos, padre Prasad Harshan relata que os budistas começaram a discutir entre si quão admiráveis eram os católicos. “Felizmente, temos um sistema maravilhoso na Igreja Católica: os padres ouvem o cardeal, os fiéis ouvem os padres. Agora os monges budistas também nos admiram como católicos, e eles nos tratam com muita simpatia e respeito”, afirmou. O sacerdote conta também que a os líderes da comunidade religiosa islâmica no Sri Lanka  reconheceram que era um erro permanecer em silêncio sobre as atividades de grupos terroristas em suas comunidades.

“Eles entenderam que é um desastre para todo o país. Nem todos os muçulmanos são terroristas, mas todos os homens-bomba eram muçulmanos. Portanto, os muçulmanos não poderiam negar sua parcela de responsabilidade. Eles agora têm a missão de se limpar internamente. Quando as investigações começaram, armas foram encontradas nas mesquitas. Isso foi chocante para nós. Os líderes islâmicos têm o dever de interpretar o Alcorão de maneira pacífica”, defendeu o sacerdote.

A solidariedade internacional das organizações de assistência católica com as vítimas no Sri Lanka foi perceptível, segundo padre Prasad Harshan. “Somos uma minoria no país, mas sabemos que somos parte de uma família maior. As pessoas que nunca foram ao Sri Lanka rezam por nós e fazem doações! Assim, a Igreja Católica tornou-se uma bênção para todo o povo do Sri Lanka”, ressaltou. Para 0 sacerdote, uma transformação interior começou, em que as pessoas estão olhando para a Igreja Católica e entendendo o que significa viver em Cristo.

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