Dom Paz disse que é preciso olhar para a política com a esperança da renovação e também da purificação
André Cunha
Enviado especial a Aparecida
“Temos que despertar nos cidadãos o interesse pela política. A corrupção sempre nasce no vazio de participação: quando ninguém se interessa, o pior de todos que é o canalha, toma conta da política”. Foi o que afirmou o Bispo de Campos (RJ), Dom Roberto Ferrería Paz, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 12, em Aparecida (SP).
Dom Paz, que também participa da Assembleia Geral 2016, disse que desacreditar de todos os políticos levaria, neste contexto de crise, a uma “perigosa desconfiança até do sistema democrático”.
Segundo ele, é preciso olhar com a esperança da renovação e também da purificação, visto que, pela primeira vez, serão aplicadas as normas eleitorais sobre o financiamento de campanha nas Eleições Municipais 2016. Esse tipo de financiamento, disse o bispo, é a matriz da corrupção, porque leva a uma convivência escusa entre o gestor público e as empresas.
“Por outra parte, é o momento de reinventar a política, a democracia. Porque, tanto aquelas pessoas que honestamente estão lutando contra a corrupção ou querem que o país seja passado a limpo, penso que elas também querem participar. Porque não é só tirar uma pedra, mas também criar um campo limpo”, destacou o bispo.
A CNBB apoia partidos políticos?
Parte da mídia secular tem insistido na hipótese de a CNBB apoiar um ou outro partido político. Sobre isso, Dom Paz repetiu o que disse ainda nesta semana: “A CNBB não levanta a bandeira de nenhum partido. O que eu vejo é que alguns partidos se aproximaram da Igreja em vista de programas sociais. Mas não há nenhuma aliança e não se pode constituir uma aliança com partidos. A Igreja tem uma aliança com o povo, com o Reino e com os pobres. Então, cabe ter uma aliança partidária? A Igreja nunca fará isso, porque isso seria aparelhar o Estado!”
Em mensagem divulgada nesta quarta-feira, 13, a CNBB reafirma a posição da Igreja Católica, que não assume nenhuma candidatura, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. Leia