Dom Cláudio pede que Igreja na Amazônia tenha rosto indígena

O bispo citou especialmente a realidade de Marajó (PA), onde, segundo ele, o povo sofre com a falta de investimento

André Cunha
Enviado especial a Aparecida

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Dom Cláudio Hummes / Foto: André Cunha

A preocupação da Igreja Católica a respeito da Amazônia foi expressa recentemente por meio da Encíclica Laudato Si, escrita pelo Papa Francisco. No Brasil, a Comissão Episcopal para a Amazônia, presidida pelo Cardeal Emérito Cláudio Hummes, realiza ações de consciêntização e proteção à maior floresta tropical em extensão e a maior reserva de biodiversidade do planeta.

Em entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira, 8, dentro da 54ª Assembleia dos Bispos do Brasil, Dom Cláudio contou que, durante as mais de 30 visitas que fez na região legal da Amazônia, constatou a difícil situação da Igreja e do povo.

Citou especialmente a realidade de Marajó, onde, segundo o bispo, as pessoas sofrem com a falta de investimento por parte do Estado, o que as leva ao estado crítico de miséria e pobreza. “É triste. A gente sai de lá com o coração partido”, disse o bispo.

Além disso, relatou o drama das crianças que, por falta de comida, se sujeitam à prostituição em troca de dinheiro ou alimento, inclusive, com o consentimento dos pais.

Igreja na Amazônia

Sobre a presença da Igreja na região, Dom Cláudio disse que esta é “muito sacrificada” pela falta de pessoas para o trabalho missionário. Por esse motivo, a Igreja não consegue ocupar seu espaço, disse o bispo, o que abre oportunidades para outras denominações cristãs.

Para o cardeal, a Igreja tem direito a um rosto na Amazônia, um “rosto indígena”, e evidenciou a necessidade da inculturação por parte da Igreja Católica na vida dos povos indígenas.

Salvaguardar a criação

Dom Cláudio lembrou ainda a Conferência do Clima em Paris, que aconteceu no ano passado, destacando a importância do acordo fechado entre os países para salvar o Planeta. Para Dom Cláudio, este século é decisivo no trabalho de recuperação da Terra. Todavia, reconheceu que a sociedade está bem distante de saber o que precisa fazer para salvá-la.

Ao final da coletiva, o cardeal explicou como a Igreja tem contribuído no trabalho de salvaguardar a criação. Assista:

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