Pacem in Terris

A paz se constrói a partir de uma visão de fé, lembra bispo

Em tempos de tanta violência e conflitos entre nações, como a recente situação de tensão, devido à ameaça de guerra nas Coreias, muito se reflete sobre a questão da paz. Nesta quinta-feira, 10, completaram-se 50 anos da Encíclica “Pacem in Terris”, do então Papa, hoje beato, João XXIII.

De acordo com o presidente da Comissão Episcopal para a Caridade, Justiça e Paz da CNBB, Dom Guilherme Werlang, esta é uma das encíclicas que permanece mais atual nos últimos séculos, escrita quase no fim da vida do Papa João XXIII. O bispo, que está em Aparecida (SP) participando da 51ª Assembleia Geral da Conferência, destacou o aspecto universal do documento. “Ele [beato João XXIII] escreve uma encíclica que é diferente, porque ela é escrita a todas as pessoas de boa vontade, não só para dentro da Igreja. É uma encíclica que deseja construir a paz”.

A encíclica nasceu em um período no qual o mundo esteve próximo de um conflito nuclear, uma Terceira Guerra Mundial. O documento se divide em cinco partes: ordem entre os seres humanos, relações entre seres humanos e os poderes públicos nas comunidades políticas, as relações das comunidades políticas, as relações entre os seres humanos e as comunidades políticas com a comunidade mundial e a quinta parte se refere às diretrizes pastorais.

Especificamente sobre as relações entre comunidades políticas, tendo em vista o atual contexto de risco de guerra entre as Coreias, o bispo destacou que a ideia expressa na encíclica é de que as relações entre as comunidades políticas nunca devem ser pelo armamento nem pelas ameaças, mas pelo diálogo.

Ainda falando sobre a encíclica, Dom Guilherme reforçou o papel de cada um na construção da paz. “Nós cristãos temos que fazer a nossa parte para que o mundo seja aquele sonhado por Deus. Como já disse, é uma encíclica voltada a todos, crentes e não crentes, cristãos e não cristãos, um grande apelo à paz. Eu creio que esta encíclica hoje fala muito forte para o mundo de 2013, 50 anos depois”.

As paróquias

E como as paróquias estão sendo os alvos centrais de discussão em toda a Assembleia, Dom Guilherme comentou sobre as diretrizes que podem ser dadas a elas visando à construção da paz. Ele voltou a destacar, então, a importância do diálogo.

“A Pacem in Terris nos ensina que é a partir do diálogo e não no medir forças, a partir de uma visão de fé, de quem crê em Deus, que nós temos que desarmar o espírito para construir a paz”.

Dom Guilherme recordou ainda que ao longo de toda a encíclica o beato João XXIII fala também de justiça. “É impossível ter paz sem que haja primeiro a justiça. Elas são irmãs gêmeas, andam abraçadas, como diz a própria Bíblia, e ele aponta essa questão, por isso seria muito importante hoje as paróquias promoverem o diálogo entre as pessoas”.

               

 

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