Reconhecimento

Mulheres desempenham grande papel na Igreja

A virgindade e a maternidade: duas dimensões particulares na realização da personalidade feminina. A luz do Evangelho, elas adquirem a plenitude do seu sentido e valor em Maria, que como Virgem se tornou Mãe do filho de Deus.

“A virgindade e a maternidade coexistem nela: não se excluem, nem se limitam reciprocamente. Antes, a pessoa da Mãe de Deus ajuda todos — especialmente todas as mulheres — a perceberem de que modo estas duas dimensões e estes dois caminhos da vocação da mulher, como pessoa, se desdobram e se completam reciprocamente”, escreve o Papa João Paulo II, na encíclica Mulieris dignitatem.

João Paulo II lembra que a virgindade no sentido evangélico comporta a renúncia ao matrimônio e, por conseguinte, também à maternidade física. Todavia, a renúncia a este tipo de maternidade, que pode também comportar um grande sacrifício para o coração da mulher, abre para a experiência de uma maternidade de sentido diverso: a maternidade “segundo o espírito”.

“Ao viver a maternidade espiritual damos nossa vida aos outros. Aqui no Carmelo, pela oração, podemos atingir o mundo inteiro e não só o ambiente mais próximo”, conta irmã Vânia Maria do Espírito Santo, Madre priora do Carmelo São José de Três Pontas (MG).

Prestes a completar 50 anos de vida religiosa, Irmã Vânia se diz muito feliz. Para ela cada dia Deus traz uma novidade. “Vejo isso na grande misericórdia de Deus. Percebo, nessa escolha de Deus, Seu grande amor por nós”, salienta.

Diversas atuações da mulher na Igreja

Mas não é só na vida religiosa que a mulher pode atuar na Igreja. Elas estão presentes também nas pastorais, nos estudos teológicos, no ensino catequético e nas frentes de proteção à vida. Um grande exemplo é a médica Zilda Arns, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, reconhecida no Brasil e no mundo por sua contribuição para a sociedade.

Como referência teológica, basta lembrar as doutoras da Igreja: Santa Catarina de Sena, Santa Tereza d’Ávila e Santa Terezinha do Menino Jesus.

Márcio Toshiyuki Okazava / Focolares
Socióloga e membro do conselho mundial do Movimento dos Focolares, Vera Araújo

A mulher na Igreja hoje

A encíclica Mulieris dignitatem, ressalta que no cristianismo, mais que em qualquer outra religião, a mulher tem, desde as origens, um estatuto especial de dignidade, do qual o Novo Testamento atesta não poucos aspectos.

 “Aparece com evidência que a mulher é destinada a fazer parte da estrutura viva e operante do cristianismo de modo tão relevante, que talvez ainda não tenham sido enucleadas todas as suas virtualidades”, escreve João Paulo II.

A partir do Concílio Vaticano II, com a revalorização do laicato na Igreja, voltando-se para a dimensão comunitária de mesma, iniciou-se uma grande corrente de renovação, devolvendo aos leigos a consciência da sua importância.

 “Hoje através dos Movimentos e das Novas Comunidades Eclesiais vê-se um florescimento espontâneo de carismas, sob a luz do Espírito Santo, possibilitando um grande protagonismo às mulheres. Emerge então o perfil mariano da Igreja  tão evidenciado por João Paulo II”, reforça a teóloga Rosa Maria Chaplin Ayter.

Dentro da Igreja, a socióloga e membro do conselho mundial do Movimento dos Focolares, Vera Araujo, afirma que se vê a necessidade da presença da mulher para uma maior participação na gestão também das estruturas eclesiásticas, no sentido de converte-las sempre mais em estruturas não de poder, mas de verdade, de serviço e de amor.

 “A sociedade e a Igreja devem proporcionar à mulher maiores possibilidades concretas de inserção na construção da vida em comum. Só assim, a mulher mostrará o que ela pode dar e realizar”, salienta a focolarina.

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