Mulher é filha, mãe, esposa, profissional e ainda deve estar atenta a sua saúde e bem estar. Em meio a tantos papéis como se dividir para realizar bem todos eles? Será que a mulher precisa escolher muitas vezes entre um e outro?
“Algumas mulheres abdicam coisas importantes para o universo feminino por causa do trabalho. A mulher precisa saber administrar todos esses papéis para que ela consiga se sentir realizada; ser profissional, mas tendo consciência de que ela é mulher e tem características específicas”, ressalta a psicóloga Elaine Ribeiro.
Segundo pesquisa do IBOPE de 2006, última pesquisa referente ao tema, a maioria das mulheres brasileiras, 51%, são mães, dessas 68% consideram difícil conciliar trabalho, maternidade e casamento. 58% pretendem seguir carreira e valorizam a atuação profissional, o que demanda tempo, talvez por essa razão, mais da metade delas gostaria de dedicar mais tempo aos filhos.
A advogada e mestre em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Cristiana Araújo Lima, afirma que é muito difícil, mas não é impossível.
Casada há 12 anos e mãe de dois meninos de 11 e 8 anos, a advogada se desdobra para estar sempre atenta à educação deles e ser uma esposa presente e dedicada que cuida do lar.
Cristiana se sentia feliz e realizada na escolha de sua profissão, mas quando ficou grávida de seu primeiro filho e com a ascensão profissional do marido, percebeu que deveria estar mais tempo em casa para se dedicar à família.
“Eu e meu marido conversamos e chegamos à conclusão de que seria mais saudável para nossos filhos me ter presente por um período maior em casa, assim conseguiríamos acompanhar de forma ativa e contínua o crescimento educacional deles”, conta Cristiana.
O presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, da CNBB, Dom João Carlos Petrini salienta que é importante que o casal coloque os filhos como prioridade e levanta uma reflexão: para muitos a família é vista como estorvo, pois exige sacrifícios.
Para o bispo, a família precisa vencer o egoísmo e crescer no amor. O modelo da perfeição está na Santíssima Trindade. Ali se encontra o amor em sua perfeição mais elevada. “Na Santíssima Trindade uma Pessoa se doa totalmente a Outra. O Pai se doa ao Filho e o Filho se doa ao Pai e o dom entre eles é o Espírito Santo”, explica Dom Petrini.
Como administrar o tempo
Para Cristiana, o segredo para administrar todas as atividades como mãe, esposa e profissional está na dedicação de cada atividade de maneira completa, cada uma em seu momento.
“Se está no trabalho não se culpe por não estar com os filhos, faça seu trabalho solenemente, se está com seus filhos não pense o quanto de trabalho ainda deve realizar, mas aproveite a companhia e ouça seus filhos como se não houvesse nada mais importante a fazer”, aconselha.
Atualmente ela se dedica às atividades profissionais meio expediente. Para a advogada, trabalho em casa facilita tanto acompanhar as atividades dos filhos, cuidar da casa e dar continuidade aos estudos para o doutorado.
Infelizmente nem todas as mulheres podem fazer a opção de Cristiana, mas ela aconselha ao menos fazer uma refeição em conjunto, onde não exista qualquer aparelho eletrônico em uso e onde todos possam se sentir amados e ouvidos, onde possam multiplicar as alegrias e dividir as frustrações.
“Aproveitem os finais de semana para conhecer melhor quem está ao seu lado, seu filho, seu marido e dispense espaços exclusivos para cada um deles. Vocês verão que estes pequenos atos trazem grandes frutos”, reforça.
O que é prioridade?
Muitas mulheres priorizam a realização profissional do que a maternal. Certas vezes, mais que uma questão de necessidade financeira, para Dom Petrini, esta priorização pelo trabalho está no desejo de sempre querer ter e consumir mais.
“Vale pensar: será que eu preciso mesmo disso tudo? O que é mais importante?”, questiona o bispo.
Mais que um desejo, a maternidade é uma vocação. Neste sentido o professor e teólogo Felipe Aquino reafirma a importância do modelo de mãe.
“A mulher tem um papel fundamental na família. É no colo da mãe que a criança aprende a rezar, aprende as virtudes, a caridade, a bondade, a delicadeza com os outros. Enfim, a mãe é a primeira educadora, a primeira evangelizadora, uma figura indispensável e imprescindível na família”, ressalta.
Cristiana sabe que fez a escolha certa ao colocar sua família em primeiro lugar vendo os frutos disso: basta ela olhar para seus filhos para saber o que eles estão sentindo.
“Sinto-me plenamente realizada, tenho uma família linda, a qual agradeço a Deus todos os dias. Não precisei abandonar por completo meu trabalho e meus estudos com os quais me realizo profissionalmente, nem tive, o que seria pior, que delegar totalmente a educação de meus filhos a uma terceira pessoa”, conclui.
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