As populações mais pobres são as que mais sofrem as consequências das alterações climáticas. No entanto, toda a humanidade corre um risco muito grande, foi o alerta do Relatório de Desenvolvimento Humano, divulgado ontem, 27, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
"Há um risco muito grande para toda a humanidade, mas não se prevê que nenhum destes efeitos venha a ocorrer nos próximos 10 ou 20 anos. No entanto, há ameaças sérias para os mais desfavorecidos a médio prazo", afirmou Pedro Conceição, perito do Pnud à Agência Lusa.
Na apresentação do relatório "Combater as alterações climáticas: Solidariedade humana num mundo dividido", Pedro Conceição destacou que o "efeito das alterações climáticas vai reforçar a desigualdade (entre os povos)".
Para o perito, há cinco fatores que vão sofrer grandes consequências com as alterações climáticas: redução da produtividade agrícola, maiores dificuldades no acesso à água, maior exposição a desastres naturais, colapso dos ecossistemas e um aumento dos riscos para a saúde.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, ontem, do lançamento mundial do Relatório. Elaborado pela ONU desde a década de 90, o documento aborda este ano os diversos aspectos e conseqüências das mudanças climáticas no mundo e cobra dos países desenvolvidos as ações para tentar controlar o aquecimento global.
O relatório recomenda que os países do mundo comecem a trabalhar em acordos para substituir o Protocolo de Kyoto, sobre emissões de CO2, que expira em 2012 e propõe, para os próximos 40 anos, metas muito mais duras do que as acertadas no Tratado.
O PNUD é a agência da ONU para promover o desenvolvimento humano. Todo ano, o relatório analisa em profundidade algum tema de desenvolvimento humano, como saneamento, educação ou, como foi neste ano, o impacto do clima.
Neste ano, pela primeira vez, o Brasil aparece entre os países de alto desenvolvimento humano no ranking do relatório que classifica os países em diferentes categorias de desenvolvimento.