O Memorial da Irmã Lúcia, foi aberto ao público em Coimbra. As Carmelitas da cidade, respondendo a um apelo de muitos fiéis que manifestavam vontade de contatar com o espólio pessoal da vidente de Fátima, conseguiram reunir cerca de 520 mil Euros com o objetivo de edificar um memorial.
A cela onde a Irmã Lúcia passou 55 anos da sua vida é reconstituída no museu, integrando o segundo piso do Memorial, um edifício projetado por Florindo Belo Marques e construído de raiz nos terrenos anexos à casa religiosa.
Segundo o Capelão do Carmelo de Coimbra, Pe. João Lavrador, o forte apelo recebido de muitos que gostariam de ver de perto o ambiente em que a Irmã Lúcia viveu. “Uma vez que o visionamento da própria cela é impossível, decidiu reconstituir-se uma réplica da cela, com os objetos originais que compõem o seu ambiente”.
Aqui os visitantes terão oportunidade de ver não só o que pertencia à Irmã Lúcia mas também imaginar o que é próprio de uma vida de Carmelita, no seu essencial mas “na modéstia, na simplicidade e despojamento”, acrescenta o Pe. João Lavrador.
Alguns objetos são ilustrativos disso mesmo e dão conta da mensagem que Lúcia foi portadora, estabelecendo uma ligação a alguns acontecimentos. Pode então encontrar-se a batina que João Paulo II vestia quando sofreu o atentado, assim como um paramento que o Papa ofereceu ao Carmelo quando esteve em 2000 no santuário de Fátima, aquando da beatificação dos Pastorinhos.
“Alguma correspondência denunciadora da atividade escrita que a Irmã Lúcia desenvolvia, muitas cartas que recebia de algumas personalidades, ilustrativas do grande interesse que a sua figura mantinha a nível mundial”, exemplifica o Capelão do Carmelo.
“Trata-se de um despojamento por parte das carmelitas, e é muito bom para quem vê”, afirma. Para além da cela, o memorial vai oferecer ainda um itinerário da vida da Irmã Lúcia através de painéis, “onde se vai contando a sua história desde a infância até à morte. Vamos poder ver o seu trajeto no sentido humano, cristão testemunhado através da sua vocação de carmelita. O caminho percorrido, desde Ponte Vedra e em particular a sua vida no Carmelo”.
Por questões de segurança, não se prevê que as pessoas possam “entrar dentro da cela, para precaver o resguardo dos próprios objetos”. O Pe. João Lavrador acredita que o local poderá ser visitado apenas algumas horas por dia, “mas todos os dias”, estando estas questões dependentes do regulamento do Museu.
A partir de amanhã, após celebração eucarística marcada para as 15 horas e presidida por D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, o memorial estará aberto ao público.
No final da Eucaristia, celebrada por D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, foi descerrado um painel em azulejo comemorativo do centenário do nascimento da Ir. Lúcia, seguido da bênção e abertura do Memorial. Hoje, assinala-se precisamente o 58.º aniversário da Profissão religiosa da Irmã Lúcia no Carmelo de Santa Teresa.
O Memorial é uma resposta à forma de ser do cristianismo em Portugal, que de alguma forma ganha eco em termos mundiais”, porque segundo o Pe. João Lavrador, “quer queiramos ou não, o fenômeno de Fátima, as aparições e a mensagem caracterizam uma forma de ser e viver e uma espiritualidade. Não será só pela pessoa em si, mas oferecer às pessoas a partir destes sinais externos, reviver permanentemente esta mensagem que Fátima oferece”.
A página do Carmelo de Santa Teresa, coimbra.carmelitas.pt, apresenta o que será o memorial e promete o acompanhamento das cerimônias de inauguração do espaço dedicado à Irmã Lúcia.
Recorde-se que a Irmã Lúcia, falecida a 13 de Fevereiro de 2005, viveu em Coimbra, no Carmelo de Santa Teresa desde 1948 até à data da sua morte, aos 97 anos. Esteve sepultada durante um ano, numa campa térrea, no interior do Carmelo, tendo sido trasladada para Fátima a 11 de Fevereiro de 2006, onde foi sepultada junto dos outros dois Pastorinhos.