''PERSEGUIDOS MAS NÃO ESQUECIDOS''

Relatório da ACN denuncia aumento de perseguição a cristãos no mundo

Nova edição do documento “Perseguidos, mas não esquecidos” observou situações enfrentadas por cristãos em 18 países desde agosto de 2022

Da Redação, com ACN Brasil

Foto: jcomp via freepik

Nesta terça-feira, 22, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) publicou um relatório sobre os cristãos perseguidos por causa da fé. Intitulado “Perseguidos, mas não esquecidos”, o documento observou a situação de fiéis em 18 países entre agosto de 2022 e junho de 2024, monitorando problemas que podem incluir discriminação, prisão, mudança forçada e assassinato.

O relatório atribuiu graus às condições enfrentadas pelos cristãos nos locais observados, divididos em “melhorou”, “um pouco melhor”, “sem mudanças”, “um pouco pior” e “piorou”. Dos 18 países monitorados, apenas o Vietnã apresentou uma leve melhora, enquanto os outros lugares não tiveram alterações ou até mesmo pioraram.

O documento mostrou ainda que em mais de 60% dos países pesquisados, a violação dos direitos humanos contra cristãos aumentou desde a última edição 2020-22. Também foi realizada a análise dos fatores que explicam por que a perseguição e a opressão pioraram, não só em países, individualmente, mas em continentes.

África

Na África, a situação dos cristãos está em declínio desde agosto de 2022. O relatório aponta que a militância islamista é a principal causa de preocupação, sublinhando que o período mostra aumento da violência jihadista na África Subsaariana, especialmente em Burkina Faso, Máli, Níger e Nigéria. “Os cristãos não são as únicas vítimas do conflito armado nessas regiões, mas tendem a ser o principal alvo dos militantes”, pontua o texto.

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Além disso, há o Sudão, onde “um golpe de estado em outubro de 2021 e uma guerra civil ainda em curso, que começou em abril de 2023, puseram abaixo todo o progresso prévio com relação à liberdade religiosa”, e a Eritreia, cujo Estado é responsável pela perseguição ao Cristianismo e outras religiões. “O regime autoritário do país é o pior regime governamental de perseguição religiosa do continente, rotineiramente impedindo atividades da igreja e aprisionando membros de grupos religiosos não-autorizados, sem julgamento e em condições desumanas”, registra o relatório.

Oriente Médio

No Oriente Médio, apesar da redução da ameaça islamista, alguns países “ainda sofrem com os anos de guerra e terror, e populações cristãs de algumas áreas enfrentam uma crescente ameaça”, como Síria e Iraque. No Irã, “os cristãos convertidos estão entre os grupos mais perseguidos”, sendo “tidos como aliados do Ocidente e acusados de traição ao regime islâmico” do país.

No Egito, apesar de algumas melhoras, ainda há alguns problemas, como o sequestro, a conversão forçada e o casamento de meninas e mulheres cristãs coptas. Segundo o documento, “há evidências do sequestro sistemático por gangues e de que oficiais da polícia conspiram para relatá-las como desaparecidas ao invés de sequestradas”. Da mesma forma, mulheres que se converteram ao cristianismo na Arábia Saudita “são confinadas e maltratadas pelas próprias famílias e podem até ser vítimas de assassinatos em nome da honra”.

Ásia e Nicarágua

Em outros países da Ásia, os cristãos, enquanto minorias, estão mais vulneráveis à discriminação e à exclusão social. Em países como a Índia e o Paquistão, essa vulnerabilidade pode resultar em ataques contra indivíduos ou igrejas. “Em relação ao Paquistão, peritos das Nações Unidas mostraram preocupação com o aumento dos sequestros, casamentos forçados e conversão de meninas e jovens mulheres”, sinaliza o texto.

Além disso, “o autoritarismo do Estado é outro fator chave que leva à repressão, discriminação e perseguição”, como acontece na Coreia do Norte e na China. Em contrapartida, o Vietnã luta contra seu passado autoritário, e “a melhoria das relações entre o Estado e a Igreja católica demonstra um desejo positivo em relação às organizações religiosas dentro do governo central”.

O relatório cita ainda Mianmar, Turquia, Moçambique e Nicarágua. Neste último país, o governo de Daniel Ortega intensificou os esforços para reprimir a Igreja Católica, expulsando clérigos, forçando o fechamento de organizações geridas pela Igreja e restringindo as atividades religiosas.

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