Há um ano, santa brasileira foi declarada padroeira nacional do Apostolado da Oração; segundo diretor da Rede Mundial de Oração do Papa no Brasil, Irmã Dulce entregou sua vida a Cristo
Julia Beck
Da redação
Faz um ano que Santa Dulce dos Pobres foi anunciada como padroeira nacional do Apostolado da Oração (AO). O anúncio foi feito pelo diretor da Rede Mundial de Oração do Papa no Brasil, do Apostolado da Oração e do Movimento Eucarístico Jovem, padre Eliomar Ribeiro, durante o 3º Congresso Nacional do Apostolado da Oração, em Indaiatuba (São Paulo). “A escolha se deu porque Irmã Dulce foi zeladora, fundadora e coordenadora de grupos do Apostolado da Oração em Salvador”, conta o sacerdote.
O reitor do Santuário Santa Dulce dos Pobres, Frei Ícaro Rocha, destaca que a antiga tradição da Igreja mostra que os santos são escolhidos como padroeiros de lugares ou grupos de pessoas, dado o seu carisma e identificação com a região ou grupo. “Nós consideramos de grande valor a escolha de Santa Dulce como padroeira nacional do Apostolado da Oração, visto que o Coração de Jesus foi o coração que mais amou os homens, o coração de Santa Dulce muito se assimilou ao de Jesus, pois estava sempre abrasado de caridade para com o próximo”, pontua.
Como membro do Apostolado, Irmã Dulce sempre tentou levar de forma profunda a vivência desse carisma e a propagação da devoção, revela o religioso. Consagrada ao Coração de Jesus, Frei Ícaro afirma que a santa tentou de todas as formas assimilar o seu coração ao de Cristo pela penitência, oração e caridade.
Unindo oração e caridade
Padre Eliomar também reforça que Irmã Dulce foi alguém que soube unir oração e o serviço da caridade. Ela “aprendeu a servir a Cristo através da mediação dos sofredores, sobretudo dos enfermos e abandonados”, reflete.
Dentre os luminosos exemplos da vida do Anjo Bom da Bahia, o reitor do Santuário Santa Dulce dos Pobres frisa que um que se destaca é justamente a vida interior, a vida de oração. “Sabemos por relatos biográficos de irmãs que conviveram com Santa Dulce, que ela acordava de madrugada e passava longo tempo em oração. Sem dúvidas, esse era seu maior apostolado: a oração; que sustentava toda sua missão e suas obras”. O frei revela que a confiança na misericórdia de Deus sempre estava em primeiro lugar na vida da primeira santa brasileira.
“Não reza de verdade quem não converte a oração em serviço, em amor, em caridade”, assegura padre Eliomar. Ele lembra que o Papa Francisco gosta de dizer que “a oração é o coração da missão”, e Santa Dulce compreendeu plenamente isso ao transformar em serviço a Cristo o fruto de sua oração.
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O diretor do AO pontua que “Cristo que sofre” deseja ser amado, deseja ser cuidado, deseja ser curado. De acordo com o sacerdote, é uma troca de amor, “servimos e amamos a Cristo e Ele nos preenche com a felicidade e a alegria interior que ninguém pode arrancar”. Frei Ícaro complementa sublinhando que a contemplação e ação são a síntese da vida do cristão: contempla para anunciar e anuncia o que contemplou.
“Santa Dulce viveu uma vida inteira dedicada ao próximo, porque sempre foi dedicada a Deus. Seu apostolado com os mais pobres não era fruto de um ativismo político, mas de uma profunda intimidade com o amor de Deus, que a impelia a servi-lO nos mais pobres. ‘Foi a mim que o fizestes’, nos diz o Senhor no Evangelho. Com estas duas ‘asas’, Santa Dulce subiu para glória celestial!”, disse.
Outubro, além de ter sido o mês do anúncio de Irmã Dulce como padroeira nacional do AO, marca também o aniversário de quatro anos de canonização da santa (que foi elevada aos altares no dia 13, no ano de 2019) e é considerado pela Igreja o Mês Missionário.
O Apostolado
Como Rede Mundial de Oração do Papa, padre Eliomar comenta que os membros do apostolado são chamados a oferecer diariamente a vida pela missão da Igreja e pelos desafios da humanidade, expressos de modo especial nas intenções mensais de oração que o Papa confia à Igreja.
“É como eu disse, a verdadeira oração se converte em serviço e em amor verdadeiro. Portanto todo tipo de oração – contemplação, meditação, interseção, adoração – só ganha sentido pleno se nos levar a servir a Cristo, sobretudo naqueles e naquelas pessoas que mais sofrem”, reafirma.
O Apostolado da Oração é uma rede fundada em 1844, na França, que reúne devotos do Sagrado Coração de Jesus, e rezam, sobretudo, pelas intenções indicadas pelo Papa.
Padroeiros Mundiais
São padroeiros mundiais do Apostolado da Oração Santa Teresinha e São Francisco Xavier. Sobre a santa, o presbítero destaca que ela também entrou no AO com 12 anos de idade, alguns anos antes de entrar no Carmelo. Teresinha, prossegue, deixa para a Igreja a espiritualidade das pequenas coisas, dos pequenos oferecimentos de cada dia.
Ao citar o que Santa Dulce tem em comum com os padroeiros mundiais do movimento, padre Eliomar destaca “a vontade de gastar toda a vida pelo bem da humanidade e a missão da Igreja”.
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São Francisco Xavier, recorda o diretor nacional do AO, morreu com 46 anos de idade, cansado de tanto trabalhar nas missões na África, Índia, Japão e sonhando entrar na China. Santa Teresinha morreu antes de completar 25 anos de idade. “Aprendeu a oferecer até mesmo a dor de caminhar — morreu de tuberculose —, por um missionário. Como ela mesmo disse ‘no coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor’, viveu no silêncio do Carmelo o sonho missionário, da oração que é oferecida”.
“Santa Dulce une o cansaço da missão com a intensa oração. (…) Era uma santa feliz, mesmo com a saúde frágil. Entregou sua vida ao serviço pleno da caridade que contempla e serve a Cristo.”