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Artêmides Zatti é primeiro Irmão Salesiano canonizado

Nesta segunda matéria sobre a vida de Artêmides Zatti, Salesiano relata a trajetória de santidade do beato no seio da Congregação de Dom Bosco

Da Redação, com Huanna Cruz

Artêmides Zatti primeiro Irmão Salesiano canonizado como confessor da fé / Foto: Divulgação

Segundo o padre Narciso Ferreira, salesiano, Zatti é muito importante para a Congregação. É o primeiro canonizado como confessor da fé. O sacerdote afirma que são vários Irmãos Salesianos beatos, mártires da fé, tanto do tempo da revolução espanhola como nos Campos de Concentração Nazista.

Padre Narciso ressalta que “Zatti é um grande estímulo para que os salesianos Irmãos busquem a santidade como professores nas nossas escolas ou nas obras sociais, como catequistas e assistentes, animadores de nossos oratórios, na Articulação da Juventude Salesiana (AJS), nos Grupos de Animação Missionária (GAMs) ou em outra atividade específica”.

Trajetória do beato

De acordo com Padre Narciso Ferreira, Artêmides já tinha 20 anos quando entrou para o aspirantado de Bernal e, ao dar assistência a um jovem sacerdote afetado de tuberculose, contraiu a mesma doença. O interesse paterno do Padre Cavalli – que o seguia de longe – fez com que o enviasse à Casa salesiana de Viedma, onde o clima era mais adaptado e, sobretudo, porque havia um hospital missionário com um enfermeiro salesiano que praticamente atuava como “médico”.

Padre Narciso afirma que Padre Evásio Garrone, sacerdote responsável pelo hospital salesiano, convidou Artêmides a rezar à Nossa Senhora Auxiliadora para obter a cura, sugerindo-lhe fazer uma promessa nestes termos: “Se Ela o curar, você vai se dedicar por toda a vida a estes doentes”. Artêmides não pensou duas vezes: fez a promessa. Misteriosamente se curou. Ele diria depois: “Acreditei. Prometi. Sarei!”. “O seu caminho já estava traçado com clareza e ele o empreendeu com entusiasmo. Aceitou, com humildade e docilidade, o sofrimento de renunciar ao sacerdócio. Viveu em plenitude e com alegria a vocação de Salesiano Coadjutor (Irmão)”.

Zatti fez a primeira Profissão religiosa como Salesiano Leigo no dia 11 de janeiro de 1908 e a Profissão perpétua no dia 8 de fevereiro de 1911.

Segundo Padre Narciso, coerentemente com sua promessa a Nossa Senhora, Zatti devotou-se imediata e totalmente ao Hospital, cuidando, num primeiro momento, da farmácia anexa. Com a morte de Padre Garrone em 1913, se responsabilizou pelo Hospital. Tornou-se vice-diretor, administrador e enfermeiro especialista, estimado por todos os doentes. Deste modo passou a ter cada vez mais liberdade de ação.

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Legado aos Irmãos

De acordo com Padre Narciso, além da rapidez no atendimento aos doentes, o legado que Zatti deixa para os irmãos, certamente, é a sua santidade. “Ele era um homem de oração, de profunda vida mariana e eucarística”.

“Em caso de necessidade”, afirma padre Narciso, “Zatti atendia a qualquer hora do dia ou da noite, com qualquer tempo, chegando à periferia”.

Padre Narciso conta ainda que a fama de enfermeiro-santo de Zatti se difundiu por todo o Sul; e de toda a Patagônia lhe chegavam doentes. Não era raro o caso de enfermos preferirem a consulta do enfermeiro-santo àquela dos médicos de plantão.

Artêmides Zatti e um de seus amados pacientes: um menino com hidrocefalia / Foto: Divulgação

Amor aos doentes

“Artêmides Zatti amava os seus doentes de modo realmente comovente. Enxergava Jesus Cristo em cada um deles. E quando pedia às religiosas roupas para um menino recém-chegado, dizia: ‘Ôi, Irmã, teria aí uma roupinha para um Jesus de 12 anos?’ ”.

Segundo o padre Salesiano, a atenção de Zatti aos doentes era tamanha que chegava a delicados sinais concretos. Há quem se lembre de o ter visto levar nos ombros, para o necrotério, o corpo de um residente, falecido durante a noite, para o tirar da vista dos demais enfermos. O fazia rezando o Salmo 130.

Trabalho e temperança

“Zatti foi fiel ao espírito salesiano e ao lema – trabalho e temperança – deixado por Dom Bosco a seus Filhos”, afirma Padre Narciso.

O religioso destaca que Zatti desempenhou uma atividade prodigiosa com habitual prontidão de ânimo, com heroico espírito de sacrifício, absoluta indiferença perante qualquer satisfação pessoal, sem nunca tirar férias, ou descansar.

Segundo o Salesiano, “houve quem dissesse que os únicos cinco dias de descanso que Zatti tirou foram os passados na prisão. Sim, Zatti conheceu também a prisão por causa da fuga de um preso residente no Hospital. Fuga que foi atribuída a ele. O futuro santo foi absolvido e a sua volta para casa foi mais que triunfal”.

Relacionamento humano

Padre Narciso ressalta que há relatos de que Zatti era uma pessoa de fácil relacionamento humano, com visível carga de simpatia, feliz de poder deter-se e papear com gente humilde.

“Zatti foi sobretudo um homem de Deus: irradiava-O! Um médico do hospital, praticamente incrédulo, diria depois: ‘Quando via o Sr. Zatti, a minha incredulidade vacilava!’. E outro: ‘Eu creio em Deus desde o dia em que conheci o Sr. Zatti’”.

Morte heroica

Em 1950 o incansável enfermeiro caiu de uma escada. Foi nessa ocasião que se manifestaram os sintomas de um tumor maligno que ele mesmo diagnosticou. Continuou, entretanto, a cumprir sua promessa por mais um ano, até que, depois de sofrimentos heroicamente aceitos, faleceu, em 15 de março de 1951, cercado pelo afeto e a gratidão de toda a população.

Segundo o Salesiano, “no mesmo dia do sepultamento de Zatti, o inspetor, padre Carlos Pérez lançou o convite para se recolher testemunhos, lembranças e anedotas para preparar uma biografia. E ainda naquela época foi formado um movimento popular para perpetuar dignamente esse maravilhoso salesiano”.

Zatti foi declarado Venerável em 7 de julho de 1997 e Bem-Aventurado (ou Beato) por São João Paulo II na Praça de São Pedro, em 14 de abril de 2002 e canonizado pelo Papa Francisco no dia 09 de outubro de 2022.

Seguindo a tradição salesiana sua carta mortuária foi preparada. O texto se torna base para livros e o mesmo processo informativo de beatificação e canonização de Artêmides Zatti.

De acordo com o padre Narciso, a Editora Dom Bosco de Brasília lançará um livro sobre a vida do beato.

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