Matteo Bruni declarou que a Santa Sé desconhece, no momento, conteúdo do relatório, mas que dará a devida atenção; comunicado reforça proximidade às vítimas
Da Redação, com Santa Sé e informações do Vatican News
Colaborou Lízia Costa
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, declarou que a Santa Sé analisará com a necessária atenção o relatório sobre casos de abusos que aconteceram em uma diocese da Alemanha. O dossiê que compreende o período do pós-guerra até 2019 foi apresentado nesta quinta-feira, 20.
Segundo Bruni, no momento a Santa Sé desconhece o conteúdo do documento, mas nos próximos dias vai analisá-lo e examinar os detalhes. A declaração também reforça a proximidade a todas as vítimas.
“Ao reforçar a vergonha e o remorso pelos abusos de menores cometidos por membros do clero, a Santa Sé assegura a proximidade a todas as vítimas e confirma o caminho escolhido pela Igreja de proteger os menores, garantindo a eles um ambiente seguro”.
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O dossiê sobre os casos de abuso de menores na Alemanha foi realizado por uma empresa especializada, e a pedido da Igreja Católica no país. O documento apresenta casos de abusos cometidos entre 1945 e 2019, com registro de 497 vítimas na Arquidiocese de Munique e Freising. A maior parte delas é do sexo masculino, sendo 60% com idades entre oito e 14 anos.
Segundo matéria publicada pelo Portal Vatican News, o relatório analisa, em particular, a gestão dos sucessivos arcebispos de Munique: Michael von Faulhaber, Joseph Wendel, Julius Doepfner, Joseph Ratzinger, Friedrich Wetter e Reinhard Marx. O Papa emérito Bento XVI, que foi arcebispo de Munique de 1977 a 1982, também foi examinado em seus anos como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
“A comissão independente teria identificado quatro casos que ocorreram durante o ministério do então cardeal Ratzinger, com os responsáveis pelos abusos ainda no cargo. Os redatores do relatório acreditam que havia alguma responsabilidade, enquanto o Papa emérito – como referiram eles mesmos – respondeu a perguntas e disse que não tinha conhecimento da situação. O caso mais marcante, envolvendo um padre da Diocese de Essen que mais tarde foi transferido para Munique, já era conhecido desde 2010”, informa a matéria publicada hoje.
“Bento XVI até a tarde de hoje não conheceu o relatório do estudo legal Westpfahl-Spilker-Wastl, que tem mais de 1000 páginas. Nos próximos dias, examinará com a necessária atenção o texto”, declarou o secretário pessoal de Bento XVI, Dom Georg Gänswein, a jornalistas.
E acrescentou: “O Papa Emérito, como já repetiu várias vezes durante os anos do seu pontificado, exprime perturbação e vergonha pelos abusos de menores cometidos por clérigos, e manifesta sua proximidade pessoal e suas orações por todas as vítimas, algumas das quais encontrou por ocasião de suas viagens apostólicas”.