Em vista da Cop26, Francisco enviou uma mensagem de áudio e vídeo para o programa radiofônico “Pensamento do Dia” da BBC
Da redação, com Vatican News
Uma “tempestade perfeita” está destruindo o mundo. Uma tempestade causada pelas mudanças climáticas e pela pandemia da Covid-19. Uma tempestade que rompe os laços da sociedade, provocando uma crise multifacetada: saúde, meio ambiente, alimentação, econômica, social, humanitária e ética.
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Com esta frase o Papa Francisco iniciou sua mensagem de áudio e vídeo transmitida pelo programa radiofônico “Pensamento do Dia” da BBC. A fala do Santo Padre foi divulgada antes do início da 26ª Conferência do Clima (Cop26). O evento é das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC). O encontro se realizará em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro.
Nova solidariedade baseada na justiça e na partilha
“As nossas seguranças caíram, o nosso apetite pelo poder e a nossa sede de controle estão desmoronando”, afirma o Papa. O Pontífice pediu “visão, capacidade de planejamento e rapidez de execução” para repensar “o futuro de nossa Casa comum”.
O Santo Padre condenou atitudes de isolamento, protecionismo e exploração. Ele disse sim à capacidade de aproveitar “uma oportunidade real de transformação, um verdadeiro ponto de conversão, não apenas no sentido espiritual”.
“Este último caminho é o único que leva a um horizonte ‘luminoso’ e só pode ser percorrido através de uma corresponsabilidade mundial renovada, uma nova solidariedade baseada na justiça, na partilha de um destino comum e na consciência da unidade da família humana, plano de Deus para o mundo”.
Colocar a dignidade humana no centro
O Pontífice afirmou que este é o verdadeiro desafio que a humanidade enfrenta hoje. “Um desafio da civilização em favor do bem comum e de uma mudança de perspectiva, na mente e no olhar, que deve colocar a dignidade de todos os seres humanos de hoje e de amanhã no centro de todas as nossas ações”.
O Papa convida a “construir juntos”, porque “não se pode sair de uma crise sozinho”, e não existem “fronteiras, barreiras, muros políticos dentro dos quais se esconder”. Francisco lembra o Apelo conjunto, assinado em 4 de outubro com os líderes religiosos e cientistas.
No apelo, todos pedem “ações mais responsáveis e coerentes” no campo climático, porque “não podemos permitir” que as gerações futuras tenham que viver “num mundo inabitável”. Também foi recordada a necessidade de trabalhar responsavelmente em favor da “cultura do cuidado” da Casa comum e também de todos que a habitam. O incentivo é para que todos procurem arrancar as “sementes dos conflitos: ganância, indiferença, ignorância, medo, injustiça, insegurança e violência”.
É necessário o compromisso de todos
Segundo Francisco, “uma mudança tão urgente de rumo”, requer “o compromisso de cada um”, um compromisso que “deve ser alimentado também pela própria fé e espiritualidade”.
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O Pontífice comentou que os políticos que participarão da Cop26 “são urgentemente chamados a oferecer respostas eficazes à crise ecológica em que vivemos”, além de “esperança concreta para as gerações futuras”.
Segundo o Santo Padre, é igualmente verdade que a responsabilidade é global. “Todos nós – é preciso repetir, quem quer que seja e onde quer que estejamos – podemos desempenhar um papel na mudança de nossa resposta coletiva contra a ameaça sem precedentes das mudanças climáticas e da degradação de nossa Casa comum”.
O que a Cop26 prevê
Inicialmente prevista para novembro de 2020, a Cop26 foi adiada por um ano devido à pandemia. Os países participantes apresentarão seus planos atualizados para reduzir suas emissões.
Em 2015, no final da Cop21 em Paris, foi estabelecido limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus. As nações também se comprometeram a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e a mobilizar os fundos necessários para atingir esses objetivos.
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Na época o objetivo era que os países estabelecessem um plano nacional mostrando a extensão da redução de suas emissões. Este plano é conhecido conhecido como a Contribuição Determinada Nacionalmente (Ndc). Ele deve ser atualizado a cada cinco anos e é isso que acontecerá durante a Cop26. O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, conduzirá a delegação vaticana no encontro na Escócia.