“Não podemos abandonar esta igreja que luta para apoiar o seu povo nestes tempos difíceis”, escreveu a diretora da AIS em Portugal
Da redação, com Fundação AIS
Diante das consequências do terremoto que atingiu o Haiti no dia 14 de agosto (fenômeno provocou cerca de 2.200 mortos, mais de 12 mil feridos e destruiu ou danificou mais de 130 mil habitações), a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) lançou em Portugal uma campanha de solidariedade para dar resposta às situações mais urgentes.
Em carta enviada esta semana para os benfeitores portugueses, a diretora do secretariado da instituição em Portugal, Catarina Martins de Bettencourt afirma que “não podemos abandonar esta igreja que luta para apoiar o seu povo nestes tempos difíceis”.
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Bettencourt recorda que a “Fundação AIS não ficou indiferente” a esta tragédia e “já atribuiu – a nível internacional – um fundo de emergência no valor de meio milhão de euros”.
No entanto, esta verba é curta face à dimensão da catástrofe. A diretora agradece “de todo o coração” a generosidade dos benfeitores da AIS “para com estes irmãos em necessidade”.
Segundo Catarina, a AIS tem recebido “todos os dias angustiantes pedidos de socorro”, vindo de famílias do Haiti que perderam tudo neste terramoto.
Terremoto
Calcula-se que 600 mil pessoas precisem de ajuda humanitária após o terremoto no Haiti. Logo nas primeiras horas, quando começaram a surgir notícias do abalo sísmico, a AIS mobilizou-se a nível internacional.
Foi preciso contatar bispos, padres e religiosas especialmente nas dioceses mais flageladas, no sul do país. Les Cayes, Anse-á-Veau e Jeremie são três dessas dioceses.
Danos estruturais
O Padre Jean-Jacques Saint-Louis, Superior Provincial dos Padres Montfortinos no Haiti, está em Jeremie. As suas palavras retratam a dimensão da catástrofe. “A situação é insustentável. As pessoas estão demasiado assustadas para regressarem às suas casas. Temos que providenciar comida, roupa, água, medicamentos e abrigo temporário. De momento, isto é o mais importante….”
Nesta diocese nem as estruturas da Igreja foram poupadas, apesar de serem normalmente dos edifícios mais robustos. Calcula-se que cerca de metade dos templos ficaram danificados, incluindo a Catedral de São Luís, havendo dezenas de estruturas que colapsaram por completo.
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Entre os edifícios destruídos há várias escolas da igreja assim como centros de saúde.
Cemitério a céu aberto
Por sua vez, a diocese de Las Cayes transformou-se num autêntico cemitério a céu aberto. Em poucas horas após o terramoto já se contabilizavam quase 700 mortos e mais de 2100 feridos.
As populações locais, já de si muito pobres, ficaram de mãos vazias. Muitos perderam as casas onde viviam.
Calcula-se que mais de 11.500 habitações foram danificadas. Também nesta diocese, os edifícios da Igreja foram atingidos com muita violência, havendo 135 igrejas destruídas.
O Cardeal Chibly Langlois tem estado em contato permanente com a Fundação AIS. Providenciar abrigo a quem perdeu tudo é a sua maior prioridade. “Até ao momento, ainda não recebemos nenhuma tenda. As pessoas estão a dormir no chão. Não há água, nem electricidade, nem comida, nem roupa…”, diz.