Para o idealizador do observatório, Dom Ricardo Hoepers, a iniciativa embasará cientificamente os valores cristãos de defesa da vida
Júlia Beck,
com colaboração de Fernanda Ribeiro
A partir deste mês de novembro, a Igreja no Brasil passou a contar com um Observatório de Bioética. O idealizador do projeto, o bispo de Rio Grande (RS), Dom Ricardo Hoepers, comentou sobre a iniciativa e a importância dela para as várias discussões sociais em torno da vida. “Nós, como Igreja, temos que defender a cultura da vida, por isso precisamos pesquisar e mostrar o lado científico da defesa da vida”, argumentou.
Segundo o bispo, o observatório surgiu de uma necessidade da Igreja, de responder às demandas e aos dilemas de bioética. “Basta abrir uma revista, um jornal, ligar a TV, ou acessar uma rede social para você ver quantos dilemas na área de bioética, quantos problemas que estão aí para serem resolvidos”, exemplificou.
A Constituição Apostólica “Veritatis Gaudium” apresenta, de acordo com Dom Hoepers, quatro pontos para o diálogo social, seriam eles o querigma, a transdisciplinaridade, a interdisciplinariedade e por fim o trabalho ecumênico. “Nós temos que conquistar os espaços e dialogar. É algo importantíssimo para uma sociedade plural”, pontuou o bispo que apontou a vida como um assunto de interesse geral.
Para o idealizador do observatório, a iniciativa embasará cientificamente os valores cristãos de defesa da vida. “Vimos no STF, na ADPF, que todos os pró-aborto apresentaram pesquisas. Porque nós como católicos, Universidades Católicas e Pró-Vida, não podemos apresentar as nossas pesquisas para fazer esse contraponto? Então o observatório tem a mostrar uma realidade diferenciada dessa que estamos engessados a olhar, de uma cultura da morte”, comentou.
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O Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é o responsável pela supervisão do observatório, contando com 4 províncias, nelas constam 4 comissões de bioética e 4 comissões de promoção e defesa da vida. As comissões são, de acordo com Dom Hoepers, um braço científico e um braço pastoral que unem ciência e fé, pesquisa e pastoral familiar. “É a sociedade interpelando as universidades, e as universidades respondendo a sociedade”.
“Nós queremos unir à bioética aqueles pontos de vulnerabilidade humana que ainda precisam ser respondidos e não são temas de pesquisas dentro das universidades. Queremos apresentar essas pesquisas para termos uma resposta e mobilizar toda a sociedade no que se refere à defesa da vida”, comentou o bispo de Rio Grande.
Sobre o papel da Pastoral Familiar dentro do observatório, Dom Hoepers afirma que é ela que mobiliza os cristãos em defesa da vida. “Queremos que todo o regional apresente junto com a Pastoral Familiar, os projetos lá na paróquia, na comunidade, na diocese, com mobilizações, momentos de unidade, tudo em defesa da vida”, comentou o bispo que concluiu: “A vida precisa ser a nossa bandeira mais importante”.