Urna com os restos mortais de Dom Aloísio Lorscheider foi recepcionada com uma celebração no Santuário Nacional na manhã desta sexta-feira, 5
Julia Beck
Enviada a Aparecida
Após 11 anos da morte de Dom Aloísio Lorscheider, a arquidiocese de Aparecida (SP) recebeu na manhã desta sexta-feira, 5, a urna com os restos mortais do cardeal. A partir do Seminário Bom Jesus, a urna, transportada por cortejo, percorreu as ruas de Aparecida até chegar ao Santuário Nacional. A cerimônia, que aconteceu na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, foi presidida pelo Cardeal Raymundo Damasceno e reuniu um expressivo número de fiéis e membros do clero.
Dom Aloísio, que por nove anos foi arcebispo de Aparecida, teve sua trajetória destacada pelo Cardeal Damasceno. “Ele foi o verdadeiro catequista desse Brasil! Anunciou a Palavra de Deus e incentivou a devoção à Virgem Maria”, disse Dom Damasceno, frisando a intensa devoção do falecido a Nossa Senhora Aparecida.
Segundo Cardeal Damasceno, assim como Maria — mulher forte, corajosa, sempre de pé, ao lado da cruz de Jesus Cristo —, a cruz também foi uma realidade presente na alma franciscana de Dom Lorscheider. “Refletindo sobre a cruz, neste momento de verdadeira inspiração divina, em uma de suas pregações, Dom Aloísio dirigiu a seus ouvintes estas sábias palavras: ‘Permanecer ao pé da cruz, abraçados à cruz, nós que devemos plantar a cruz nos corações dos homens, deve ser um dos maiores ideais de nossas vidas”, recordou.
Dom Aloísio fazia questão de recordar, de acordo com Dom Damasceno, os sete ensinamentos de Maria: fé profunda, humildade sincera, dedicação a Deus, dedicação às almas, valor da vida oculta, valor da vida sobrenatural, coração indulgente. “‘Formemo-nos nesta escola de Maria, porque formar-se na escola de Maria é formar-se na escola de Jesus’, com essas palavras de Dom Aloísio sobre Maria, feliz por tudo que este momento significa para a Arquidiocese de Aparecida, (…) elevo a minha prece a Deus: obrigada, Senhor, pela vida de Dom Aloísio, pelo seu serviço na Igreja e pelo seu ministério”, finalizou o cardeal.
O reitor do Santuário Nacional, padre João Batista de Almeida, afirmou que o momento foi muito significativo para o templo mariano e para os devotos de Nossa Senhora Aparecida, em vista que geralmente os arcebispos e bispos são sepultados na última catedral onde exerceram seu ministério. “Ele encerrou seu episcopado aqui na Arquidiocese de Aparecida, então esse momento é muito especial porque significa a volta de um filho muito, muito predileto”, comentou.
Dom Orlando Brandes, atual arcebispo de Aparecida, reafirmou a enorme alegria da Arquidiocese em receber os restos mortais de Dom Aloísio. “Será um ponto muito alto para o nosso Santuário porque Dom Aloísio é muito bem quisto nacionalmente, na América Latina e a nível da Igreja no mundo, no Vaticano”. O arcebispo também caracterizou o cardeal por seu carisma e humanidade, e o denotou como uma grande resposta para a santificação da Igreja.
“O homem, Dom Aloísio, foi muito simples, muito terno, muito calmo, um homem santo. Agora olhando para o Cardeal Aloísio, ele foi para a Igreja no Brasil uma marca histórica”, retomou padre João Batista. Dom Orlando concluiu: “Dom Aloísio passou pela cruz e permaneceu de pé, nunca deixou de ser um bom franciscano e cativou pela simplicidade. (…) Homem de Deus, homem da Igreja, homem santo!”.
Entre os dias 5 e 8 de outubro, os restos mortais do arcebispo ficarão expostos para visitação dos fiéis na Capela São José, em razão de sua grande devoção ao santo. Após esse período, ele será sepultado na Capela da Ressurreição junto aos antigos arcebispos de Aparecida.