Embaixador do Brasil do Vaticano afirma: Bento XVI sempre manifestou um especial apreço pelo Brasil
Da redação, com Rádio Vaticano
Segundo a Embaixada Brasileira no Vaticano, Bento XVI criou fortes vínculos com o Brasil e os brasileiros, durante os oito anos de seu pontificado.
O Embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, relata que Bento XVI sempre manifestou um especial apreço pelo Brasil. Segundo ele, essa proximidade se deu especialmente quando o Papa escolheu Aparecida para sediar a Conferência Episcopal Latino-americana em 2007. Depois, escolhendo, entre uma série de cidades candidatas, o Rio de Janeiro para sediar a Jornada Mundial da Juventude. “Esses fatos são muito significativos da intensidade da relação entre esses dois Estados”, disse.
O Embaixador qualifica como “excelente” a relação entre o Brasil e a Estado do Vaticano:
“Eu acho que as relações com o Brasil, como sempre foram, continuam excelentes. Esse pontificado foi marcado, sem dúvida, pelo Acordo sobre a situação jurídica da Igreja no Brasil. Foi um compromisso que o Presidente Lula assumiu com o Papa de que este Acordo seria assinado ainda durante o seu mandato. Trata-se de um Acordo que é bom para as duas partes e que deixa uma situação mais clara para a Igreja no Brasil. Este foi um grande ponto que inclusive foi ressaltado pelo Papa quando entreguei minhas credenciais.”
Almir Franco de Sá Barbuda apresentou suas credenciais em outubro de 2011 – a primeira vez em que pôde conversar com o Papa. Na ocasião, por cerca de meia-hora , Bento XVI e Almir conversaram sobre alguns aspectos do Brasil, como a Amazônia, por exemplo. O Embaixador ressaltou sua admiração ao ver a clareza, a generosidade e a inteligência do Papa e afirmou: “eu o admiro muito por sua coragem”.
“Sobretudo, fiquei muito admirado pelo interesse e pelo conhecimento que ele tinha do Brasil. Ele sabia não só das coisas boas que estavam acontecendo, mas também das coisas que o preocupavam: falou da expansão das seitas no Brasil, da Amazônia. E neste momento eu inclusive brinquei, dizendo que eu também me preocupava com a Amazônia porque eu nasci lá e eu disse que o governo tem todo o empenho em proteger aquela região tão importante”, relatou.
Almir Franco ainda esteve com o Papa em ocasiões protocolares. A última foi em janeiro deste ano, quando ele ofereceu uma recepção para todo o Corpo Diplomático e falou rapidamente com o Pontífice, dizendo do “prazer” e do “orgulho” que o povo brasileiro tinha de recebê-lo para a Jornada. Bento XVI confirmou que estava muito contente de voltar ao Brasil. “Até ali ninguém podia imaginar a reviravolta que aconteceu neste mês.”
Na opinião do embaixador a renúncia de Bento XVI “foi um grande desapontamento”. “Primeiro pela surpresa da renúncia e segundo pela pena de não vê-lo de volta ao Rio de Janeiro, pois todos esperávamos que se repetisse o que o Papa João Paulo II disse no Rio de Janeiro: ‘Se Deus é brasileiro, o Papa é carioca’. Nós esperávamos que ele voltasse a dizer isto no Brasil.”
No entanto, ressalta Almir, “não será ele, mas será o próximo. Eu mantive contato estreito desde o início com a Congregação para os Leigos e todos me confirmaram que o próximo Papa irá e provavelmente será sua primeira viagem transatlântica. Eu recordo também que quando o Secretário particular do Papa, Dom Georg Ganswein, foi nomeado Arcebispo, eu fui na comemoração e lhe disse: ‘Espero vê-lo no Brasil’. E a resposta dele foi: ‘É claro, porque não existe Jornada Mundial da Juventude sem a presença do Papa’”.