Bispos do Reino Unido pedem aos católicos que reflitam sobre seus valores ao votar
Da redação, com Agência Ecclesia
A Conferência Episcopal de Inglaterra e Gales abordou o referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, marcado para esta quinta-feira, 23, apelando ao “voto informado” e a uma decisão orientada para o “bem-comum”.
Num comunicado publicado através da internet, os bispos católicos destacam a “natureza histórica deste referendo e as suas implicações para as gerações futuras, do Reino Unido, da Europa e do mundo”.
O Reino Unido está na União Europeia desde 1973 mas, devido à força da libra, nunca quis adotar a moeda única, o euro, nem aceitou assinar o Acordo de Schengen, que diz respeito à livre circulação de pessoas e de bens no espaço comunitário.
Com a chegada do primeiro-ministro David Cameron, a cisão (o chamado ‘brexit’) entre a Grã-Bretanha e a União Europeia acentuou-se.
Questões como o tratado orçamental europeu, a crise de refugiados e a situação econômica na UE contribuíram ainda mais para o afastamento entre Londres e Bruxelas, culminado com a decisão britânica em promover este referendo.
Os bispos católicos lembram que o projeto europeu, implementado a seguir à Segunda Guerra Mundial, nasceu “como forma de unir” os países do território em torno de um ideal comum de “paz”, que assegurasse que um novo conflito tão “catastrófico” como aquele nunca mais assolasse o continente.
Um ideal que, segundo aqueles responsáveis, não pode ser esquecido nesta “auscultação nacional”, ainda que “cada cidadão possa ter a sua opinião acerca do modo como esse ideal deve ser aplicado”.
“É natural que hoje muitas pessoas tenham dúvidas em relação à União Europeia, às suas instituições e às implicações de uma maior integração”, reconhecem os membros da Conferência Episcopal de Inglaterra e Gales.
Os bispos realçam, no entanto, que este referendo será “uma oportunidade para os britânicos refletirem acerca dos valores que têm como mais queridos, enquanto nação e enquanto católicos”.
Na base da decisão não podem estar apenas questões econômicas ou monetárias, mas também valores que marcam a matriz cristã da Europa, como a solidariedade, a proximidade, a boa vizinhança, a abertura aos outros, “sobretudo aos mais vulneráveis”.
“O nosso foco tem de ir ao encontro das pessoas. Precisamos construir uma Europa que tenha como prioridade não só fatores financeiros mas valores inalienáveis, como a sacralidade de toda a vida humana”, frisam os bispos católicos do Reino Unido, citando parte de um discurso que o Papa Francisco fez no Parlamento Europeu.