O diretor do Instituto católico britânico de bioética condena a autorização dada no Reino Unido para manipulação genética de embriões humanos
Rádio Vaticano
“Um novo passo em direção à criação de bebês geneticamente modificados”. Esta foi a reação de David Albert Jones, diretor do Instituto católico britânico de bioética à controversa decisão da Autoridade para a fertilidade e embriologia do Reino Unido (HFEA), anunciada nesta terça-feira, 02, de autorizar uma equipe de cientista a conduzir experimentos de modificação genética em embriões humanos. Trata-se da primeira autorização na Europa para a manipulação de embriões humanos.
A autorização, concedida ao Instituto Francis Crick de Londres, prevê o emprego de um método denominado Crispr-Cas9 que permite individuar e neutralizar com precisão genes defeituosos no DNA.
Um dos estudos será conduzido sobre os genes envolvidos no desenvolvimento de células que foram a placenta para tentar explicar os abortos espontâneos.
O único limite à pesquisa tem como base a lei britânica que há algum tempo já permite que se realizem pesquisas com embriões desde que estes não sejam implantados para uma gravidez.
O risco de eugenia
Todavia, são inevitáveis as polêmicas em razão das graves implicações éticas que tais experimentos comportam.
“Este avanço é somente o último passo, depois das tentativas de clonembriar embriões humanos, para a criação de embriões híbridos (humanos e animais) e para a criação de embriões com três pais. Cada passo avante foi acompanhado de promessas exageradas para curar ou prevenir doenças, mas o verdadeiro intento é simplesmente dar vida à experimentações sempre mais imorais em seres humanos mas primeiríssimas fases de seu desenvolvimento”, afirma Jones.
Para ele a promessa real das técnicas da manipulação genética está na esperança de uma terapia ética e eficaz para crianças e adultos que nasceram em condições tais que atualmente não tem cura.
“A pesquisa deveria concentrar-se sobre o desenvolvimento da terapia gênica somática segura e eficaz e não sobre a experimentação destrutiva de embriões humanos”.
Cobaias
Calum MacKellar, professor de Bioética na Universidade de St. Mary em Londres e diretor do departamento de pesquisas do Conselho Escocês de Bioética humana, também condenou a autorização.
“Permitir a manipulação genética de embriões humanos abre caminho à eugenia condenada pela sociedade civil após a Segunda Guerra Mundial”, declarou. “Os embriões serão tratados como cobaias humanas”, finalizou MacKellar.