Em mensagem para o 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais, Papa destaca que aquilo que dizemos e o modo como o dizemos deveria expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus
Luciane Marins
Da Redação
O Vaticano divulgou nesta sexta-feira, 22, a mensagem do Papa Francisco para o 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”.
Ao refletir sobre a relação entre comunicação e misericórdia, Francisco destaca o cuidado que é preciso ter com o que se diz e o modo como se diz. Ele explica que as palavras e gestos devem expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos.
“O amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. E, se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus.”
O Papa afirma que as palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais e os povos, tanto no ambiente físico como no digital.
Na mensagem, Francisco convida todas as pessoas de boa vontade, a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e comunidades.
O Santo Padre citou Shakespeare, ao dizer que a misericórdia é capaz de implementar um novo modo de falar e dialogar: “A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe” (O mercador de Veneza, Acto IV, Cena I).
Linguagem da política e da diplomacia
A linguagem da política e da diplomacia também foi lembrada pelo Papa. Ele pede àqueles que têm responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública, que estejam vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age de forma diferente e ainda de quem possa ter errado.
Comunicar a verdade com amor
Francisco explica que é dever principal do cristão afirmar a verdade com amor e que palavras e gestos duros ou moralistas podem alienar ainda mais aqueles que queríamos levar à conversão.
“Podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu.”
Saber escutar
Para comunicar com misericórdia, o Papa afirma que é fundamental escutar. Ele reconhece que não é uma atitude fácil e que as vezes é mais cômodo fingir-se de surdo, mas destaca que saber escutar é uma graça, um dom que é preciso implorar e depois exercitar-se a praticá-lo.
Redes Sociais
Ao falar sobre as redes sociais o Pontífice deixou claro que elas também podem ser formas de comunicação plenamente humanas. “Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor.”
Ele chamou atenção para o uso das redes que tanto são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, como podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos.
Por fim o Papa destaca que o encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa.
“Num mundo dividido, fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade.”