A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, durante sua 53ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP), divulgou mensagem aos mais de 3,4 mil diáconos permanentes do Brasil, que atuam em 160 dioceses.
O texto recorda os 50 anos da restauração do Diaconado Permanente, ocorrida durante o Concílio Ecumênico Vaticano II. Os bispos afirmam ser “testemunhas do bem que os diáconos têm feito à Igreja no Brasil”.
Leia o texto na íntegra:
Mensagem aos Diáconos Permanentes do Brasil
“Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27).
Na comemoração dos 50 anos da restauração do Diaconado Permanente, nós, Bispos do Brasil, reunidos na 53ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida-SP, saudamos com alegria e gratidão os mais de 3.400 diáconos permanentes espalhados em 160 dioceses brasileiras. Muito presente nos primeiros séculosda Igreja, este ministério foi restaurado pelo Concílio Vaticano II como “grau próprio e permanente da hierarquia” (LG, n. 29 cf. Doc. CNBB 96, nº 4). Somos testemunhas do bem que vocês, diáconos, têm feito à Igreja no Brasil desde os quatro primeiros, ordenados pelo beato Papa Paulo VI, em agosto de 1968, em Bogotá – Colômbia.
O serviço do diácono, recorda-nos São João Paulo II, “é o serviço da Igreja sacramentalizado”. E continua: “O vosso não é apenas um dos muitos ministérios, mas realmente deve ser, como o definiu Paulo VI, a força motriz para a diaconia na Igreja. Com a vossa ordenação, estais configurados a Cristo na sua função de Servo. Vós deveis também ser sinais vivos da condição de servos de sua Igreja” (citado em: Diretrizes para o Diaconado Permanente, doc. 74 da CNBB, n. 41). Recomendamos, pois, que essa vocação seja valorizada, apresentada, cultivada e vivenciada na comunhão da Igreja missionária que está sempre disposta a ir ao encontro das pessoas, especialmente das que mais sofrem.
Vocês, amados diáconos, são exemplo de quem acolhe a vocação batismal. Na fé em Jesus Cristo, que se identifica com os pobres, vocês assumem a vocação diaconal com a disposição de ir às periferias geográficas, sociais e existenciais e com o desejo sincero de imitar o exemplo de Cristo que disse: Eunão vim para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (cf. Mc 10,45). Renunciam, portanto, à busca de privilégios ou de honrarias para se dedicar ao serviço, especialmente dos pobres, segundo as exigências do ministério que abraçam.
Reafirmamos que “o diácono é a expressão do ministério ordenado colocado o mais próximo possível da realidade laical e do protagonismo dos leigos. Com os leigos, que santificam o mundo por suas vidas, os diáconos, pela presença sacramental e o testemunho, ajudam a construir um mundo mais de acordo com o projeto de Deus” (Doc. 74, n. 48). O ministério diaconal não pode ser visto como suplência ao ministério do presbítero. Isto pede nossa conversão pessoal e pastoral, bem como dos Presbíteros, dos Diáconos e da comunidade eclesial.
Enche-nos, portanto, de entusiasmo ver o testemunho de tantos Diáconos que, como ícones de Cristo-Servidor, é um dos abençoados frutos da renovação do Concílio Vaticano II, em especial quando são presença solidária e de esperança em lugares e circunstâncias em que a vida grita por solidariedade e amor. Na comunhão da Igreja samaritana, servidora e missionária, vocês se colocam a serviço do povo de Deus, do qual fazem parte, em especial quando participam de uma ou várias pastorais sociais ou quando coordenam uma diaconia oucomunidade, também aquelas mais distantes, como na Amazônia. Seu testemunho de unidade enriquece a Igreja e os fortalece em sua missão.
Rezamos também por vocês, queridos diáconos, que, em meio a tantas realizações, enfrentam vários desafios, incluído o da vivência do próprio ministério. Isso torna necessária a continuidade da reflexão sobre o sentido desse ministério, conforme as novas Diretrizes da CNBB sobre o diaconado (CNBB, Doc. 96), com os presbíteros, animadores e coordenadores das comunidades eclesiais, pastorais, movimentos e serviços, candidatos ao diaconado e com os já ordenados. Nesse contexto, reconhecemos o valor das Escolas Diaconais que cuidam de sua formação inicial e permanente e contribuem para que o diácono viva a missão na família, em seu trabalho profissional, na comunidade eclesial e em tantas outras realidades, na comunhão da Igreja que lhe confere o ministério como um dom de Deus a serviço da comunidade.
Dirigimo-nos também às esposas dos diáconos e suas famílias, pedindo que a graça de Deus as acompanhe e as recompense. Agradecemos sua alegria em acolher e acompanhar esse ministério. Seu apoio é importante para quem exerce o diaconado.
Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, a Mãe servidora, e de São Lourenço, diácono e mártir, pedimos a bênção de Deus para vocês e todos.
Aparecida – SP, 23 de abril de 2015.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB