Francisco pediu que no lugar da insatisfação que atinge os jovens cresça a voz do Espírito que os leve a gastar a vida por causas nobres
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco iniciou suas atividades nesta terça-feira, 10, celebrando a missa na capela de sua residência, a Casa Santa Marta.
A homilia de Francisco foi inspirada no trecho dos Atos dos Apóstolos que narra a despedida de Paulo da comunidade de Mileto. Trata-se de uma cena emocionante: Paulo sabe, e o diz, que não verá mais aquela comunidade, os presbíteros de Éfeso que mandou chamar e agora estão ao seu redor. Chegou a hora de partir para Jerusalém, é ali que o Espírito o conduz, o mesmo Espírito do qual reconhece o absoluto senhorio sobre sua vida, que sempre o impulsionou ao anúncio do Evangelho, enfrentando problemas e penas. Francisco destacou que este trecho evoca a vida do missionários de todas as épocas.
“Partiam obrigados pelo Espírito Santo: uma vocação! E quando, nesses lugares, vamos ao cemitério e vemos suas lápides: muitos morreram jovens, com menos de 40 anos. Porque não estavam preparados para suportar as doenças locais. Deram a vida jovens: ‘gastaram’ a vida. Eu penso que eles, naquele último momento, longe de sua pátria, de sua família, de seus caros, tenham dito: ‘O que eu fiz valeu a pena!'”.
Missionários, glória da Igreja
O Papa explicou que o missionário parte sem saber o que lhe espera e citou a despedida da vida de São Francisco Xavier narrado por José María Pemàn, escritor e poeta espanhol de 1900. Uma página que evoca aquela de São Paulo, que disse em seu discurso de despedida: “Sei apenas que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações”. Francisco disse que o missionário sabe que a vida não será fácil, mas prossegue.
Ao falar sobre os apóstolos de hoje o Papa se emocionou.
“Os nossos missionários, esses heróis da evangelização dos nossos tempos. A Europa que encheu de missionários outros continentes… E esses partiam sem voltar… Creio que seja justo agradecer ao Senhor por seu testemunho. É justo que nós nos alegremos por ter esses missionários, que são testemunhas verdadeiras. Eu penso em como foi o último momento deles: como pode ter sido a despedida? Como Xavier: ‘Deixei tudo, mas valeu a pena!’. Anônimos, foram embora. Outros mártires, isto é, oferecendo a vida pelo Evangelho. Esses missionários são a nossa glória! A glória da nossa Igreja!”.
Jovens, “gastem” a vida por causas nobres
Ao concluir, Francisco pediu que no lugar da insatisfação que atinge os jovens de hoje, cresça a voz do Espírito que os leve a gastar a vida por causas nobres.
“Gostaria de dizer aos jovens de hoje que não se sentem à vontade, que dizem ‘não estou muito feliz com esta cultura do consumismo, do narcisismo…’, olhem o horizonte! Olhem para lá, olhem para esses nossos missionários! Pedir ao Espírito que os obrigue a ir para longe, a ‘gastar’ a vida. É uma palavra um pouco dura, mas a vida vale a pena ser vivida. Mas para vivê-la bem, ‘gastá-la’ no serviço, no anúncio, e ir avante. Esta é a alegria do anúncio do Evangelho”.