Francisco escreve prefácio de livro dedicado às crianças e que aborda o tema da ecologia. Para o Papa, a “esperança real de mudança” pode vir das “crianças”
Da Redação, com Vatican News
É necessário acelerar a mudança de rumo “em favor de uma cultura do cuidado” com o meio ambiente que também veja as crianças sensibilizando os adultos, comenta o Papa Francisco em prefácio de livro infantil que aborda o tema da ecologia e a importância de cuidar do planeta e da criação. A obra em italiano “A Encíclica das Crianças. Reeducar o mundo dos adultos” (Ed. San Paolo), do Padre Enzo Fortunato e Aldo Cagnoli, será apresentado neste domingo (29) em Roma.
O prefácio do Papa
Francisco inicia o prefácio com uma espécie de linha do tempo que orienta as atuações da comunidade internacional diante do cuidado da casa comum, a começar pela primeira grande Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972. Em 2015, veio a Encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, e depois a Conferência do Clima de Paris. Mas, “infelizmente, as coisas não saíram como eu esperava, e isso continua a me preocupar”, escreveu o Pontífice, que voltou ao assunto em 2020 com a publicação de Querida Amazonia: “sempre achei que a crise ecológica fosse o outro lado da crise social, cultural e espiritual da modernidade”.
O fenômeno da mudança climática “nos lembra insistentemente de nossas responsabilidades” diante dos mais afetados, disse o Papa, os “pobres e mais frágeis, aqueles que menos contribuíram para a sua evolução. É, em primeiro lugar, uma questão de justiça e, depois, de solidariedade”. E o mundo, continuou Francisco, sendo hoje muito interdependente, “não pode se dar ao luxo de ser dividido em blocos de países que promovem seus próprios interesses de forma isolada ou insustentável.
“Ecologia e a fraternidade seguem o mesmo caminho: se quisermos resolver efetivamente o problema do cuidado do nosso planeta, devemos primeiro fazer uma conversão do coração.”
O desafio, acrescentou o Pontífice, é “grande, urgente e belo”, “exige uma dinâmica coesa e proativa. Um desafio ‘grande’ e exigente, porque requer uma mudança de rota, uma mudança decisiva no modelo atual de consumo e produção, muitas vezes impregnado na cultura da indiferença e do descarte, do descarte do meio ambiente e do descarte das pessoas”. É necessário acelerar essa mudança, afirmou ele, “em favor de uma cultura do cuidado” e com a ajuda das crianças, fazendo uma “passagem simbólica dos adultos para as crianças”:
“Somente essa inversão de paradigma, com as crianças ensinando e sensibilizando os adultos, pode trazer esperança real de mudança. As crianças guardam um senso de beleza que ainda está intacto. Deixemos que elas falem conosco. […] Queridas crianças, abraço vocês, e saibam que o seu Papa e ‘vovô’ fará de tudo para que vocês possam viver num mundo belo e bom.”
A obra que fala às crianças
No livro, dedicado às crianças, a primeira parte fala aos adultos através de quatro palavras-chave – herdar, conectar, compartilhar e doar. O objetivo é sensibilizar os adultos, explicando a importância de educar as crianças para que cuidem e respeitem o planeta. A segunda parte, as palavras para os pequenos, se dirige diretamente a eles através de uma história ilustrada de conversão, dividida em quatro capítulos, que ensina como a natureza é um bem precioso para todos e que o amor e o perdão são mais fortes do que o ódio e a vingança.