Dia Mundial da Alimentação

Libertação da fome é manifestação do direito à vida, afirma Papa

O Papa Bento XVI enviou uma mensagem ao diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Jacques Diouf, por ocasião do 30º Dia Mundial da Alimentação. O tema é "Preço dos alimentos: da crise à estabilidade".

A mensagem do Pontífice foi lida pelo Observador Permanente da Santa Sé junto à FAO, Dom Luigi Travaglino, ao longo da solene cerimônia que aconteceu na manhã desta segunda-feira, 17, junto à sede da Organização, em Roma.

Bento XVI indicou que a celebração é oportunidade para salientar a situação de tantos que não possuem o pão de cada dia. "A libertação do jugo da fome é a primeira manifestação concreta do direito à vida, que, apesar de ter sido proclamado solenemente, está, com frequência, muito distante de se cumprir efetivamente", assinala.

O Santo Padre salientou que a situação da fome no Chifre da África é uma das catástrofes humanitárias mais graves das últimas décadas. Diante da morte de comunidades inteiras devido à fome e o abandono forçado de suas terras de origem, é essencial a ajuda imediata, mas também intervenções de médio e longo prazo, para que a atividade internacional não se limite a responder somente às emergências.

A situação complica-se ainda mais devido à crise que afeta o mundo em diversos setores da economia, atingindo principalmente os mais necessitados e condicionando a produção agrícola, bem como a possibilidade de acesso aos alimentos. Nesse sentido, o trabalho agrícola deve ser percebido como objetivo de toda a estratégia de crescimento e desenvolvimento integral.

Família humana

O Bispo de Roma apontou que o futuro da família humana tem necessidade de um novo impulso para superar as fragilidades e incertezas atuais. Apesar de os homens viverem em uma dimensão global, há sinais evidentes da profunda divisão entre os que possuem e os que não possuem condições de sustento cotidiano.

"Confirma-se assim que a globalização faz com que nos sintamos mais próximos, mas não irmãos", adverte o Papa. Por isso, é preciso redescobrir os valores inscritos no coração de cada pessoa e que sempre inspiraram sua ação: o sentimento de compaixão e humanidade pelos outros, o dever da solidariedade e o compromisso com a justiça.

O Pontífice alerta ainda para o risco de se refletir sobre a fome apenas com base nas emoções, sem comover a consciência e sua busca pela verdade e pelo bem. De fato, são frequentes as tentativas de justificar os comportamentos e omissões ditadas pelo egoísmo e objetivos e interesses particulares, assinalou.

"Trata-se, em definitivo, de assumir uma atitude interior de responsabilidade, capaz de inspirar um estilo de vida distinto, com a sobriedade necessária no comportamento e no consumo, para favorecer, assim, o bem da sociedade. E que valha também para as gerações futuras, para sua sustentabilidade, proteção dos bens da criação, distribuição dos recursos e, sobretudo, o compromisso concreto com o desenvolvimento dos povos e nações inteiras", acrescentou.

Tudo isso pode se realizar se as Instituições internacionais garantam seu serviço com imparcialidade e eficácia, respeitando as convicções mais profundas da alma humana e as aspirações de cada pessoa.

"A Igreja Católica sente-se próxima às instituições que se comprometem a garantir a alimentação. A Igreja, através de suas estruturas e agências de desenvolvimento, seguirá acompanhando-as ativamente neste esforço para que cada povo e comunidade disponham da segurança alimentar necessária, que nenhum compromisso ou negociação, por mais bem intencionada que seja, poderá assegurar sem uma solidariedade real e uma fraternidade autêntica", conclui.

Assista ao vídeo poduzido pela FAO para o Dia Mundial da Alimentação 2011

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