Casa Santa Marta

Homilia: Papa condena “cristianismo como costume social”

Em homilia da Missa na Casa Santa Marta, Papa Francisco falou sobre a hipocrisia dos justos

Da redação com Vatican News

Papa Francisco, na missa desta manhã, na Casa Santa Marta./ Foto: VaticanMedia

Na homilia da missa na Casa Santa Marta nesta sexta-feira, 05, o Papa convidou os fiéis a refletirem sobre a hipocrisia dos justos, que vivem o cristianismo social:

“Nós que nascemos numa sociedade cristã, corremos o risco de viver o cristianismo ‘como um costume social’, formalmente, com a ‘hipocrisia dos justos’, que têm medo de deixar-se amar.”

O Papa convidou a todos a um exame de consciência, comentando o Evangelho de São Lucas e a advertência de Jesus aos habitantes de Betsaida, Corazim e Cafarnaum, que não acreditaram nele não obstante os milagres.

Jesus “está triste por ter sido rejeitado”, explicou Francisco, enquanto cidades pagãs como Tiro e Sidônia, vendo os seus milagres “com certeza teriam acreditado”. E chora, “porque essas pessoas não foram capaz de amar”, enquanto Ele “queria chegar a todos os corações com uma mensagem que não era uma mensagem ditatorial, mas era uma mensagem de amor”.

Leia mais
.: Todas as homilias do Papa Francisco

Cristianismo formal

Vamos nos colocar no lugar dos habitantes das três cidades, prosseguiu o Papa. “Eu que recebi muito do Senhor, nasci numa sociedade cristã, conheci Jesus Cristo, conheci a salvação”, fui educado à fé. E com muita facilidade me esqueço de Jesus. Depois, ao invés, “ouvimos notícias de outras pessoas que ouviram o anúncio de Jesus, se convertem e o seguem”. Mas nós, comentou o Pontífice, estamos “acostumados”.

E esta é uma atitude que nos faz mal, porque reduzimos o Evangelho a um fato social, sociológico, e não a uma relação pessoal com Jesus. Jesus fala a mim, fala a você, fala a cada um de nós. A pregação de Jesus é para cada um de nós. Como é possível que aqueles pagãos, que ao ouvirem a pregação de Jesus o seguem, e eu, que nasci aqui, numa sociedade cristã, me acostumo, e o cristianismo é como se fosse um costume social, uma veste que visto e depois a deixo? E Jesus chora sobre cada um de nós quando nós vivemos o cristianismo formalmente, não realmente.

Hipocrisia dos justos

Se agimos assim, esclareceu Francisco, somos um pouco hipócritas, com a hipocrisia dos justos.

“Há a hipocrisia dos pecadores, mas a hipocrisia dos justos é o medo ao amor de Jesus, o medo de deixar-se amar. E, na realidade, quando nós fazemos isso, nós tentamos administrar a relação com Jesus. ‘Sim, eu vou à Missa, mas você fique na Igreja que eu depois vou para casa’. E Jesus não volta conosco para casa: na família, na educação dos filhos, na escola, no bairro…”

Exame de consciência

E assim Jesus permanece lá na Igreja, comentou Francisco, “ou permanece no crucifixo ou na imagem”.

Hoje pode ser para nós um dia de exame de consciência, com este refrão: “Ai de ti, ai de ti”, porque eu dei muito, dei a mim mesmo, escolhi você para ser cristão, ser cristã, e você prefere uma vida pela metade, uma vida superficial: um pouco sim de cristianismo e água benta, mas nada mais. Na realidade, quando se vive esta hipocrisia cristã, o que nós fazemos é expulsar Jesus do nosso coração. Fazemos de conta tê-lo conosco, mas o expulsamos. “Somos cristãos, orgulhosos de sermos cristãos”, mas vivemos como pagãos.

Cada um de nós, concluiu o Papa, deve pensar: “Sou Corazim? Sou Betsaida? Sou Cafarnaum?”. E se Jesus chora, pedir a graça de chorar também nós. Com esta oração: “O Senhor me deu muito. O meu coração é tão duro que não O deixa entrar. Pequei de ingratidão, sou um ingrato, sou uma ingrata”. “E peçamos ao Espírito Santo que nos escancare as portas do coração, de modo que Jesus possa entrar e não só ouçamos Jesus, mas ouçamos a sua mensagem de salvação e “assim demos graças por tantas coisas boas que Ele fez por cada um de nós”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo