O historiador e representante alemão da PTWF, Michael Hesemann, tem feito visitas regulares ao recentemente aberto Arquivo Secreto Vaticano e continua a fazer descobertas significativas. Seu mais recente estudo dos documentos originais que foram anteriormente publicados revelam as ações secretas para salvar milhares de judeus já em 1938, apenas três semanas após a Kristallnacht [Noite dos Cristais].
O Cardeal Eugenio Pacelli (Papa Pio XII), então secretário de Estado do Papa Pio XI, enviou um telex em 30 de novembro de 1938 às Nunciaturas e Delegações Apostólicas, bem como uma carta a 61 arcebispos do mundo católico, solicitando 200 mil vistos para "católicos não arianos" três semanas após a Kristallnacht. Além disso, enviou cartas adicionais, datadas de 9 de janeiro de 1939.
Michael Hesemann afirmou que "o fato de que nesta carta se fale de 'ebrei convertiti' (judeus convertidos), e 'católicos não arianos' certamente é um disfarce. Não era possível ter certeza de que agentes nazistas não iriam tomar conhecimento acerca desta iniciativa. Pacelli tinha que ter certeza de que eles não fariam mal uso disso para propaganda do nazismo, de que eles não poderiam afirmar que 'a Igreja é uma aliada dos judeus'".
De fato, os nazistas já haviam utilizado a frase "os judeus e seus aliados negros (Igreja) e vermelhos (bolcheviques)" em sua propaganda, e qualquer passo errado poderia causar uma perseguição contra a Igreja na Alemanha nazista. A Concordata de 1933 marcou profundamente a Alemanha, e também garantiu que judeus convertidos fossem tratados como cristãos. Usando esta posição legal, Pacelli foi capaz de ajudar a "católicos não arianos".
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Papel decisivo
Um indício de que o futuro Papa Pio XII não se refere apenas a "judeus convertidos" é claramente revelado quando Pacelli solicita que os Arcebispos "cuidem de providenciar santuários para salvaguardar o bem-estar espiritual e proteger os cultos religiosos, costumes e tradições" – em latim: "ubi ipsis propria sint aedes sacra, propria schola et propria ea omnia quae ad religionis cultum, instituta et mores pertinent". De fato, os judeus convertidos na Alemanha nunca haviam tido quaisquer santuários, costumes ou tradições por conta própria. Com a sua conversão, eles apenas tornaram-se católicos normais.
Mais uma prova da real intenção dos pedidos do Vaticano surge a partir da leitura original das respostas dos bispos e Núncios ao pedido de Pacelli. Os bispos frequentemente se referem aos "judeus perseguidos", não aos "judeus convertidos" ou "católicos não arianos". Embora seja amplamente reconhecido pelos historiadores que Pacelli intercedeu para salvar milhares de "judeus convertidos", muitos baseiam suas conclusões com base em uma leitura superficial de cartas e documentos do Vaticano. Uma vez que muitas das críticas com relação a esse papado não aceitam a comprovada ameaça nazista contra o Estado do Vaticano e a vida do Papa Pio XII diretamente, elas parecem não entender que havia uma necessidade de envio de artifícios somente de modo criptografado ou verbal. Em muitos casos, os historiadores são ignorantes acerca da língua original do Vaticano, que às vezes usa o latim antigo para expressar o significado oculto de suas solicitações.
"Altos funcionários do Vaticano verificaram para nós que os termos católicos não arianos, não arianos, judeus católicos significavam realmente judeus. Fomos informados de que se os documentos fossem interceptados, tal artifício não levantaria uma bandeira vermelha com relação à concordata assinada em 1933, que especificamente providenciava proteção para os judeus que haviam se convertido para o cristianismo", agrega o historiador Hesemann.
Nova percepção sobre Pio XII
O chefe do Conselho da PTWF, Elliot Hershberg, afirmou que a Fundação "continuará a revelar tantos documentos quanto possível, pois tudo o que temos encontrado até agora parece indicar que a conhecida percepção negativa acerca de Pio XII é errada. Nós também acreditamos que muitos judeus que conseguiram deixar a Europa não tinham qualquer ideia de que seus vistos e documentos de viagem haviam sido obtidos por meio desses esforços do Vaticano".
Já o presidente da PTWF, Gary Krupp, disse que, "de acordo com nossa missão de identificar e eliminar obstáculos não teológicos entre as religiões, reconhecemos que o papado do Papa Pio XII transcorreu durante um período que impactou negativamente a bilhões de pessoas. PTWF comprometeu-se com o projeto de recuperação de documentos da época da guerra, para torná-los públicos, bem como muitos documentos e depoimentos de testemunhas oculares tanto quanto possível para trazer a verdade à luz. Até hoje, temos mais de 40 mil páginas de documentos, vídeos de testemunhas oculares, e artigos de notícias em nosso website para ajudar historiadores na pesquisa deste período".
O renomado estudioso professor Ronald Rychlak e autor do recém-reimpresso "Hitler, a Guerra e o Papa" disse: "PTWF identificou diversos documentos que comprovam as boas obras do Papa Pio XII e da Igreja Católica. Isso é outra confirmação daquelas boas obras. O aspecto mais importante deste documento é que ele mostra o que muitos de nós temos dito há muito tempo: esforços que parecem ter sido dirigidos para proteger apenas os judeus convertidos protegeram realmente os judeus, independentemente de serem convertidos ou não".
Assista ao documentário "Papa Pio XII – O Papa baluarte da paz"
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