Igreja

Vaticano publica relatório sobre ex-cardeal McCarrick

Cardeal Pietro Parolin convida à leitura do documento em sua totalidade, para não chegar a conclusões parciais

Da redação, com Vatican News

Nesta terça-feira, 10, foi publicado o relatório sobre o conhecimento institucional e o processo decisório da Santa Sé concernente ao ex-Cardeal Theodore Edgar McCarrick, que a Secretaria de Estado elaborou a pedido do Papa.

O relatório foi feito após uma revisão do Vaticano de documentos e relatos de testemunhas que abrangem os 40 anos de carreira episcopal de McCarrick, acusado em 2018 de cometer crimes sexuais com menores e seminaristas. McCarrick foi declarado culpado por uso impróprio da confissão e violação do Sexto Mandamento do Decálogo com menores e adultos, com o agravante do abuso de poder e demitido do estado clerical

O secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, fez uma declaração sobre o caso, e afirmou que o texto comportou um exame cuidadoso de toda a documentação relevante dos arquivos da Santa Sé, da Nunciatura em Washington e das dioceses dos Estados Unidos envolvidas de várias maneiras. A complexa investigação foi integrada com informações obtidas em colóquios com testemunhas e pessoas informadas dos fatos, de modo a obter uma imagem o mais completa possível e um conhecimento mais detalhado e preciso das informações relevantes.

“Publicamos o Relatório com tristeza pelas feridas causadas às vítimas, às suas famílias, à Igreja nos Estados Unidos, à Igreja Universal. Como fez o Papa, também eu pude examinar os testemunhos das vítimas contidos nas Atas em que o Relatório se baseia e que estão depositados nos arquivos da Santa Sé. A sua contribuição foi fundamental.”, disse o secretário de Estado do Vaticano.

Em sua Carta ao Povo de Deus de agosto de 2018, o Santo Padre Francisco escreveu, a respeito do abuso de menores: “Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas”.

O relatório busca chegar à verdade dos fatos, e oferecer material útil para responder às questões suscitadas pelo caso.

Esforço da Igreja

Parolin enfatizou aos interessados no caso que leiam o documento em sua totalidade, para evitar conclusões parciais. Lembrou, ainda, a caminhada da Igreja por evitar que casos como esse se repitam, como o Motu proprio Vos estis lux mundi, que prevê a criação de mecanismos estáveis para receber assinalações de abusos e estabelece um procedimento claro para investigar denúncias contra Bispos que tenham cometido crimes ou protegido seus responsáveis. Soma-se a este o encontro de fevereiro de 2019, sobre a proteção de menores e outras medidas tomadas pelo Vaticano.

“Olhando para o passado, nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado”, escrevia o Papa na Carta ao Povo de Deus, acrescentando: “Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar uma cultura capaz de evitar que essas situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuadas. A dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar mais uma vez o nosso compromisso em garantir a proteção de menores e de adultos em situações de vulnerabilidade”.

Futuro

Da leitura do documento, emerge que todos os procedimentos, incluindo a nomeação dos Bispos, dependem do empenho e da honestidade das pessoas envolvidas.

Espera-se que o relatório tenha efeitos ao tornar todos os envolvidos nestas escolhas mais conscientes do peso de suas decisões ou omissões. “São páginas que nos encorajam a uma reflexão profunda e a questionarmo-nos sobre o que podemos fazer a mais no futuro, aprendendo com as dolorosas experiências do passado.”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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