Bento XVI e o Patriarca ortodoxo russo Alexis II poderão encontrar-se nos próximos 12 meses. O homem forte do Vaticano para o diálogo com as Igrejas cristãs, Cardeal Walter Kasper, disse hoje estar esperançado numa aproximação a Moscovo, com um possível encontro entre o Papa Bento XVI e o Patriarca ortodoxo russo Alexis II "no prazo de um ano".
O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos disse à agência italiana SIR que "muito depende das circunstâncias externas e da situação interna da Igreja russa", mas frisou que o Papa está disponível para o encontro e que o mesmo acontece com Alexis II. Entre os ortodoxos, disse ainda, "ninguém se opõe ao encontro".
Ao contrário do que acontecia com João Paulo II, o Patriarca Ortodoxo de Moscovo não coloca completamente de parte uma possível visita de Bento XVI à Rússia, desde que os problemas existentes sejam resolvidos. Entre eles, o que tem maior destaque é o alegado proselitismo da Igreja Católica em territórios da antiga URSS, para além do uniatismo (termo com o qual os ortodoxos se referem aos cristãos de países de tradição ortodoxa em união com o Papa).
Apesar dos avanços verificados desde a eleição papal de Bento XVI, o acordo sobre estas matérias não se afigura fácil, dado que o Vaticano nega qualquer intenção proselitista e defende o direito de cada pessoa a tomar a sua própria decisão confessional. O mais provável é que o encontro entre os dois líderes cristãos tenha lugar num terreno "neutro".
Uma das hipóteses aventadas para 2007 foi deixada de lado esta semana, quando Bento XVI decidiu não inaugurar os trabalhos da próxima reunião da Comissão mista internacional para o diálogo teológico católico-ortodoxo, na localidade italiana de Ravenna.
2007 é um ano crucial para as relações entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. O encontro de Ravenna entre os representantes do Vaticano e de todas as Igrejas Ortodoxas vai debater a questão da autoridade do Papa na Igreja.
Ao longo do ano passado, Bento XVI confirmou a sua intenção de estar na linha da frente do diálogo ecumênico, com especial destaque para as relações católico-ortodoxas, deixando adivinhar um passo futuro que inclua o desejado e aguardado encontro com o Patriarca Ortodoxo de Moscovo.