Poluição atmosférica é um dos fatores que mais contribuem para as mortes de crianças menores de cinco anos
Reuters
Quase uma de cada sete crianças do mundo vive em áreas com níveis altos de poluição ambiental, a maioria no sul da Ásia, e seus corpos em desenvolvimento são os mais vulneráveis aos danos. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 31, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no relatório ‘Clear the air for children’.
O Unicef pediu a quase 200 governos, que irão se reunir no Marrocos entre 7 e 18 de novembro para discussões sobre o aquecimento global, que limitem o uso de combustíveis fósseis para que se obtenha o benefício duplo de uma saúde melhor e uma desaceleração na mudança climática.
Cerca de 300 milhões de crianças, ou quase uma de cada sete do planeta, moram em áreas onde a poluição ambiental é mais alta, definida pelo Unicef como ao menos seis vezes as diretrizes internacionais estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), disse o Unicef.
Do total, 220 milhões vivem no sul asiático. A agência identificou as regiões com imagens de satélite desenvolvidas pela Agência Nacional Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês).
Risco de morte
O diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, disse que a poluição atmosférica é “um dos fatores que mais contribuem para as mortes de cerca de 600 mil crianças de menos de cinco anos de idade todo ano” provocando doenças como a pneumonia.
“Os poluentes não prejudicam só os pulmões em desenvolvimento das crianças – eles podem inclusive cruzar a barreira hematoencefálica e danificar permanentemente seus cérebros em desenvolvimento – e, assim, seus futuros”, afirmou em comunicado.
“A poluição atmosférica afeta mais as crianças pobres”, disse à Reuters Nicholas Rees, especialista em clima e análise econômica do Unicef que escreveu o relatório.
No mundo inteiro, a OMS estima que a poluição ambiental matou 3,7 milhões de pessoas em 2012, entre elas 127 mil crianças de menos de cinco anos. Fábricas, usinas de energia e veículos que usam combustíveis fósseis, poeira e a queima de resíduos estão entre as fontes.
A poluição em ambientes fechados, muitas vezes causada por fornos que queimam carvão ou madeira usados em residências em nações em desenvolvimento, matou ainda mais: 4,3 milhões de pessoas, das quais 531 mil eram crianças de menos de cinco anos, disse a entidade.
O Unicef fez um apelo à reunião liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Marrocos para que acelere a troca de combustíveis fósseis por energias mais limpas, como solar ou eólica, para melhorar o acesso das crianças aos cuidados de saúde, reduzir sua exposição à poluição e intensificar o monitoramento do ar.