Cristãos Perseguidos

Testemunho: religiosa recorda cativeiro e agradece trabalho da AIS

Irmã Glória foi libertada em outubro, após quatro anos e oito meses de cativeiro no Mali

Da redação, com AIS

Irmã Glória concedeu entrevista à AIS, após chegar à Colômbia./ Foto: AIS

Após ter sido libertada em outubro, depois de quatro anos e oito meses de cativeiro no Mali, Irmã Glória Argoty chegou à Colômbia, sua terra natal. Em entrevista à Fundação AIS, a religiosa contou sua experiência de libertação dos jihadistas, e agradeceu pelo trabalho da AIS, que tem a missão de ajudar a Igreja nos lugares onde há tanto sofrimento.

“Muitas vezes, nós próprios nem sequer nos damos conta do sofrimento que passam os nossos irmãos que dão testemunho da sua fé.”, afirmou.

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Testemunho

Irmã Glória foi levada como refém quando, no dia 7 de fevereiro de 2017, um grupo de homens armados invadiu a casa das Franciscanas de Maria Imaculada em Karangasso, no sul do Mali, onde vivia. Um tempo de sofrimento, de angústia e reflexão.

“Foi uma oportunidade que Deus me deu para ver a minha vida, a minha resposta a Ele… uma espécie de êxodo.”

Irmã Glória e mais duas reféns (uma muçulmana e uma protestante) permaneceram sozinhas no deserto, no meio de um acampamento jihadista durante este tempo. A religiosa conta que experimentou, mesmo em meio ao sofrimento, a serenidade, e agradecia a Deus.

“Como posso não Te louvar, abençoar e agradecer, meu Deus, porque me encheste de paz perante insultos e maus-tratos”.

Ela conta que se recordava de São Francisco e da fundadora de sua congregação, Caridad Brader, que sempre afirmava: “esteja quieta para que Deus possa defendê-la”.

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Trabalho missionário

Em seu trabalho como missionária, a Irmã Glória viveu sempre num ambiente de tolerância e de respeito para com os outros, independentemente da religião que professassem. O próprio trabalho da congregação no Mali ajudou a criar esse ambiente de simpatia e permitiu que as religiosas gozassem de grande prestígio entre a população local, especialmente junto das mulheres.

“As Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada estão no Mali há mais de 25 anos. Uma das nossas principais preocupações é a capacitação das mulheres, com especial ênfase na alfabetização, porque nesse país, para elas, a educação é praticamente inexistente.”

Além do ensino de técnicas básicas para o cultivo dos campos ou de aulas de costura, as irmãs procuram ensinar também as mulheres locais sobre os procedimentos a fazer em caso de gravidez.

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Defender a liberdade religiosa

Ela conta que a relação com a comunidade local era excelente e nada fazia prever que a missão das franciscanas iria ser atacada por extremistas muçulmanos.

“Não havia portões fechados, nem paredes. As famílias acolhiam-nos em suas casas e partilhavam a sua comida conosco. No final do Ramadã, por exemplo, e sempre houve simpatia.”

A experiência vivida no Mali ajuda a perceber que a liberdade religiosa é, de fato, um bem maior que tem de ser preservado.

“Se respeitarmos a liberdade de os outros viverem a sua religião, então podemos receber esse mesmo respeito.”

A defesa dos cristãos perseguidos é agora, mais do que nunca, algo que a Irmã Glória assume com toda a energia.

“Mais do que palavras, temos que defender a fé com o testemunho da vida. Somos chamados a ser testemunhas da nossa fé.”

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