situação dramática

Bispo afirma que cristãos na Síria pedem ajuda: "Aqui não há futuro”

Dom Nidal Abdel Massih Thomas descreve a dramática situação dos cristãos e a grande fuga em busca de um futuro melhor

Da redação, com Vatican News

Cidade de Aleppo, na Síria /Foto: Aladdin Hammami via Unsplash

A região de Al-Giazira fica no norte da Síria, ao leste do Eufrates, na fronteira com a Turquia, e é amplamente controlada por forças curdas. Os vilarejos cristãos da região foram abandonados pelos fiéis, assírios em sua maioria. Nos 38 vilarejos habitados por cristãos, encontram-se muitas igrejas, e por causa da migração, apenas duas ainda estão ativas. Dos 21.000 ortodoxos assírios da região antes da guerra, hoje restam apenas 800.

Este êxodo em massa é explicado por um episódio ocorrido há quatro anos, quando 150 cristãos foram sequestrados por islamistas do Isis. Entre eles estava uma família caldeia de cinco pessoas. Os terroristas exigiram um resgate após 15 dias, mas como não chegaram a pagar, liberaram um vídeo da execução de três reféns. O mesmo vídeo mostrou três outros reféns, incluindo um membro da família caldeia, atrás dos três condenados à morte, como possíveis próximas vítimas.

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O refém caldeu foi convidado a ler uma mensagem dirigida aos líderes das Igrejas cristãs pedindo-lhes que pagassem o resgate. O pagamento foi feito em troca da libertação de 146 dos 147 sobreviventes. Infelizmente, um membro da Isis reteve uma mulher que ele havia escolhido como esposa e com quem teve dois filhos. Quando o califado caiu, a mulher foi autorizada a sair, o que não pôde fazer por medo de ser morta por sua família de origem, apesar de ter sido detida à força pelo terrorista.

O “negócio” do sequestro

Depois disso, 80% dos assírios fugiram para o Líbano. Mas esse sequestro não foi o único episódio. “Era um negócio que rendia muito”, afirma Dom Nidal Thomas: “Eles capturavam cristãos em Hassake e ficavam com o dinheiro do resgate”. Na época, explica o padre, nenhuma das partes envolvidas e presentes na região podia proteger os cristãos, por isso muitos partiram e continuam a partir ainda hoje.

São muitas as partes em causa na região: Dom Thomas relata que alguns grupos cristãos se aliaram aos curdos, outros ao exército sírio. Isto torna complicada a permanência dos cristãos na área, pois eles podem sempre ser suspeitos de serem inimigos de um lado ou do outro.

Como resultado, se a situação dos cristãos é difícil em toda a Síria, é ainda mais na região de Al-Giazira (a ilha, em árabe). Por esta razão, sete em cada dez optaram por partir, principalmente assírios.

Apelo à ajuda internacional

Além disso, há o recrutamento militar organizado pelos curdos, explica o prelado, pois eles precisam de novos recrutas, especialmente os jovens. Para aqueles que permaneceram, por escolha ou pela força, nesta região onde a guerra não terminou, há uma outra complicação: a enorme dificuldade em receber dinheiro enviado por membros da família que vivem no exterior. Este dinheiro é indispensável, dada a falta de trabalho, a crise econômica e a inflação.

Portanto, Dom Thomas implora o apoio de todas as pessoas de boa vontade: “Todos devem conhecer as condições em que vivemos”, afirmou, “Aqui todos mal podem esperar para partir”. Eles estão implorando a seus parentes refugiados no exterior para ajudá-los a fugir, porque aqui encontram dificuldades em todos os lugares, e não têm futuro”, conclui o Vigário Patriarcal Caldeu para o Nordeste da Síria.

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